A Organização das Nações Unidas (ONU) também decidiu se pronunciar contra a decisão da Justiça Federal na semana passada, que autoriza psicólogos a submeterem seus pacientes a terapias de reversão sexual, a chamada “cura gay”.
O chefe de Igualdade e Não-Discriminação do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Charles Radcliffe, condenou a medida assinada pelo juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, ao qual chamou de “decepcionante”.
“É decepcionante ver o que aconteceu no Brasil. É uma prática que a ONU condena”, disse Radcliffe, que ainda lembrou métodos com choques elétricos como tentativa de curar a homossexualidade. “Os direitos humanos têm que ser garantidos para todos”, completou.
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Ele também ressaltou que não acredita ser possível reverter a sexualidade de uma pessoa, por ser parte da diversidade da espécie humana. “Mas isso não previne que alguns médicos e políticos continuem a explorar a ideia de apoiar as terapias. O debate ainda está vivo”, acrescentou.
Radcliffe conclui dizendo estar otimista que a situação seja revertida. “Estou confiante de que, no longo prazo, vamos ver progresso. O Brasil não vai de uma hora para outra sair de uma posição de liderança no tema para ir em outra direção. Mas de fato o progresso não é imediato. Há reveses e divergências.”, finalizou.
A homossexualidade deixou de ser considerada como uma doença, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1990. No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) proibiu a realização de terapias para modificar a sexualidade, em uma resolução editada em 1999. Nesta quinta-feira (21), a instituição recorreu da decisão.