Direito a Deus

Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará

A Bíblia nos diz que Jesus Cristo é a Verdade. Faz sentido Ele nos “libertar” para vivermos uma mentira, sendo quem não somos?

Foto: Arte Canva/InShot
Foto: Arte Canva/InShot

Na passagem descrita no Evangelho Segundo João 14:6 Jesus se apresenta como a “Verdade”. A Bíblia de Estudo Palavra-Chave da CPAD Hebraico-Grego (Casa Publicadora da Assembleia de Deus) ensina que a palavra “verdade” no original grego é “alètheia”. Dentre os vários significados desse termo, um chama a atenção. Segundo a CPAD, “alètheia” significa “aquilo que não está oculto, mas aberto e pode ser conhecido; por isso, verdade”.

Em outra passagem bíblica, Jesus disse: “conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” (Evangelho Segundo João 8:32)

Ou seja, Jesus é a Verdade e tem o poder para libertar.  É isso o que a Palavra diz.

Agora, reflita comigo. Muitos religiosos apresentam o discurso de que vivemos uma mentira quando declaramos e passamos a nos comportar socialmente como somos, segundo a nossa orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero.

Em decorrência desse discurso, muitos viveram e vivem dentro de seus “armários”, chegando até a constituir família com pessoas do gênero oposto, ou mantendo sua identidade conforme o sexo biológico, somente para se enquadrar naquilo que lhe esta sendo imposto.

Um primeiro ponto que eu trago à reflexão é o próprio significado da palavra “verdade” no grego. Quando se desiste de viver, em decorrência da imposição da igreja, volta-se para “dentro do armário”. Essa “prisão” é fechada, é oculta e é feita para que ninguém tenha conhecimento de quem você realmente é. É um cenário totalmente oposto ao significado de “alètheia”.

Reflita! Casar-se com uma pessoa do gênero oposto sendo um homossexual que está se passando por heterossexual é viver a Verdade? Ou é viver um engano?

Ora, Jesus é aquele que tem todo o poder para libertar, assim como libertou todos que se chegaram até ele. Qual a razão, então, de Ele não libertar os LGBTIs cristãos? Falta de vontade? Deus gosta de ver o nosso sofrimento? Que Deus de justiça é esse? Esse é o Jesus que a Bíblia apresenta ou é o Jesus que a igreja apresenta?

Aliás, nesse ponto é necessário desconstruir o discurso religioso de que “é igual o criminoso que se abstém de cometer um crime em prol de Jesus”.

Ora, o criminoso comete um crime. Para o Direito, crime é aquilo que se faz em prejuízo de terceiro ou de um bem jurídico de outra pessoa. É o Princípio da Alteridade. Logo, essa fala religiosa é completamente imprópria e desprovida de lógica. Pessoas LGBTIs apenas desejam ser livres e respeitadas para amar e viver conforme sua orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero. Daí vem a pergunta: em que parte o nosso Direito de Ser afeta o outro? Em nenhuma. Afeta tão somente o preconceito alheio.

Reflita comigo, ainda, outro ponto.  Jesus disse que veio para que tenhamos vida, e a tenhamos em abundância (Evangelho Segundo João 10:10).

Viver uma vida “dentro do armário” não te parece contraditório com uma “vida em abundância”? Pode até aparentemente ser mais “seguro”, mas nunca será confortável. Será sempre uma vida de medo.

Pense comigo! O “armário” é escuro, fechado, sufocante, não tem nem ar em abundância para respirar. O ar para respirar é essencial para a nossa existência humana. No contexto espiritual o raciocínio não é distinto. É por isso que viver “dentro do armário”, sendo quem não é, traz tanto sofrimento para os LGBTIs que se encontram inseridos no contexto de igreja tradicional. É sufocante, falta ar e falta a vida em abundância que Jesus prometeu.

Nesse cenário, muitos tomam raiva de Deus e se afastam. Ou seja, Deus leva a culpa por aquilo que falam Dele. Sabe aquela velha história do “telefone sem fio”? É isso o que a religião vem fazendo há séculos em relação ao pensamento de Deus.

A questão é que aprendemos a enxergar os líderes religiosos como porta-vozes do Céu, de modo que o pensamento deles passa a ser equiparado ao Divino. Olha-se para o líder como se estivesse enxergando Deus, e a raiva que se sente desse líder é transferida inconscientemente. No fundo, a revolta é da má experiência vivida na igreja. Por isso eu digo: é necessário separar Cristo do Cristianismo.

Ainda em outra passagem, Jesus diz: “se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livre”. (Evangelho Segundo João 8:36)

Com todos esses versículos dizendo quem é Jesus, e como Ele deve ser enxergado, é coerente pensar que um grupo de aproximadamente 10% (dez por cento) da população mundial foi separada para o sofrimento e solidão? (lembre-se que o próprio Deus disse que não é bom que o homem viva só – Gênesis 2:18). Logo, Deus não nos fez o ser humano para ser solitário e infeliz.

Quando Jesus fala dos Eunucos, na passagem descrita no Evangelho Segundo Mateus 19, ele ensina que há eunucos que se fazem assim em prol do Reino.

Note: Jesus disse que há pessoas que escolhem viver sozinhas em favor do Reino, sendo esses os celibatários. Há quem diga que são as pessoas assexuais. Pode ser. O fato é que essa decisão é uma escolha individual, não uma imposição.

Viver uma vida sozinha, dentro do armário, infeliz, não condiz com uma vida abundante, e muito menos é coerente com um Deus todo poderoso.

Do mesmo modo, viver um relacionamento com alguém do gênero oposto, dentro do armário, infeliz, conformado com uma imposição, também não condiz com uma vida abundante.

Aliás, nenhum desses cenários condiz com o Jesus que nos é apresentado pelas escrituras.

E note uma coisa. Todos passam por lutas. Isso faz parte da vida. Nem todas as lutas são tiradas. É fato. Contudo, quando se ora para ser liberto da homossexualidade ou da transexualidade, essa oração envolve a salvação da pessoa. É uma oração diferente. No ministério de Jesus, em vários momentos ele disse: “vai em paz, a tua fé te salvou”. Inclusive em uma das passagens ele diz isso primeiro e depois cura o enfermo.

A oração pela salvação não é uma oração qualquer. É a oração daquele que ama o Reino, que ama a Deus e que valoriza o sacrifício de Cristo na cruz. Essa oração nunca foi rejeitada. Não é bíblico.

Logo, quando conhecemos A Verdade, ela é poderosa para nos libertar de tudo o que nos faz viver uma Mentira, inclusive, o “Armário”. Pense isso!

“Mas quem pratica a verdade, vem para a luz” (Evangelho Segundo João 3:21)

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