Abraham Maslow nasceu na cidade de Nova York, no ano de 1908. Era filho de judeus e de origem simples.
Maslow dizia que sua infância não havia sido fácil, se identificando como alguém tímido, solitário e reflexivo, que passou por preconceito em decorrência de sua aparência judaica.
Maslow procurou entender aquilo que para ele não era completamente explicado pela psicanálise e pelo behaviorismo. Nisso, desenvolveu uma nova linha dentro da psicologia e se tornou o Pai da Psicologia Humanista.
Para ele, as pessoas possuem necessidades que precisam ser supridas no decorrer da vida. Nessa linha, ele desenvolve a Teoria das Necessidades, as quais ele explanou em uma Pirâmide.
Na base dessa Pirâmide, Maslow disse que se encontravam as Necessidades Fisiológicas dos seres humanos, seguidas das Necessidades de Segurança, Necessidades de Amor e Pertencimento, Necessidades de Autoestima, Necessidades de Autorrealização e, por fim, uma categoria incluída em momento posterior, as Necessidades de Autotranscendência.
Cada uma dessas etapas desenvolvidas na Pirâmide de Maslow nos diz muito enquanto pessoas LGBTQIAP+.
As necessidades fisiológicas nos falam das mais básicas que precisamos suprir: comer, beber, dormir, saúde, roupa e abrigo.
Nesse primeiro patamar já é possível nos depararmos com situações vividas em nosso meio, quando não somos aceitos por aqueles que aprendemos que estariam sempre ao nosso lado (ao menos, via de regra). Muitos de nós fomos expulsos de casa, dormimos na rua, ficamos e ainda estamos sem direito a um serviço de saúde adequado ou nos vimos sem abrigo.
Por sua vez, muitos experimentaram a perda do amor e pertencimento dentro do seio familiar, no grupo de amigos, no local de trabalho, ao se assumirem lésbica, gays, bissexuais, pansexuais ou transgênero.
Segundo Maslow, as experiências que vivemos em cada etapa influenciam nas demais. Nisso, a Autoestima fica prejudicada diante da falta de validações necessárias e não supridas. Sabe aquele sentimento de querer ser valorizado pelos pais ou o desejo de ser o orgulho de alguém?
Pois é. Com efeito, as experiências vividas nas duas primeiras etapas influenciam muito na terceira.
Por sua vez, a autorrealização também sofre influência das etapas iniciais, seja de forma positiva ou de forma negativa. Positivamente, podemos resumir com a célebre frase: “eu vou vencer essa p.”. Negativamente, quando não damos conta e deixamos que todas as influências externas ganhem força tal dentro de nós que acabam nos paralisando e nos deixando sem forças para viver tantas possibilidades que ainda existem.
Por fim, a autotranscendência é a necessidade de uma experiência superior, seja com o Eu Superior, seja com Deus, seja com o Místico, ou qualquer Força Elevada que faça sentido. É a Fé em algo que vai além de nós, além dessa vida.
A Teoria das Necessidades de Maslow evidencia uma falta vivida por LGBTQIAP+ em algum cenário de sua vida, e as consequências geradas pelas experiências. A que eu vislumbro com maior peso é a Necessidade de Amor e Pertencimento. Precisamos pertencer.
Recordo-me de quando estava ainda sofrendo calada, achando que não poderia me declarar lésbica, pois não seria aceita por Deus e iria para o inferno, no tamanho do medo que eu sentia de ficar sozinha no mundo. Esse é um medo real no nosso meio.
Uma célebre frase de Maslow diz assim: “O que um homem pode ser, ele deve ser. Essa necessidade podemos chamar de auto-realização”.
Repare: há uma tendência maior à realização pessoal e profissional por parte das lésbicas, gays, bissexuais, pansexuais e, principalmente, transgêneros aceitos no meio familiar e social. Quando isso falta, a tendência ao fracasso é grande. Alguns encontram sentido em outros amores, como o amor de 4 patas ou de asas. Outros conseguem manter sua vida firmada na Fé e no Amor Superior. Mas por algum lado, o amor e pertencimento precisam vir.
Quando o ódio sobressai, é quando a notícia da partida chega de surpresa, de maneira precoce e de forma tão assustadora. Mas não é só o ódio externo que mata. O ódio interno mata também.
Enquanto comunidade, precisamos entender que todos nós temos o direito de viver e suprir todas as nossas necessidades.
Enquanto comunidade, deveríamos mutuamente nos apoiar nisso.
Enquanto comunidade, deveríamos entender que o preconceito que doeu em nós não deveria ser reproduzido por nós.
O direito à água, comida, vestuário, abrigo, segurança, à liberdade de ir e vir, de amar e ser amado, de pertencer, de se autorrealizar, o direito à Fé, o direito de Ser, não deveriam ser retirados de nós e nem por nós.
Quando não suportamos, aos que ficam só resta dizer “que tristeza”, “sinto muito”, “até um dia”, “vá em paz”.
Mas, e os próximos? Tentaremos evitar? Buscaremos mudança?
Um dia Jesus disse que uma reino dividido não subsiste. É verdade. Uma comunidade dividida também não. Reflitamos!