Integrante do elenco da série Transparent e estrela de campanhas para a L’Oreal e Gucci, a atriz e modelo norte-americana Hari Nef declarou, em entrevista ao El País, se sentir obrigada a apoiar a causa trans, mas por fazer parte desta parcela da sociedade, mais do que tem vontade.
“Não sou uma ativista. Sou apenas uma atriz. Luto por obrigação, não por escolha. Não vim a este planeta para salvar minha comunidade. Não quero fazê-lo, mas não tenho escolha. Sinto que tenho uma responsabilidade por ser alguém que foi à faculdade, que sabe falar diante do público e que se tornou uma figura pública. Mas não gosto nem me inspira”, desabafou.
Nef também demonstrou incômodo por ser taxada muitas vezes como pioneira. “No fundo, quando você faz parte de uma comunidade ignorada, brutalizada e ofendida o tempo todo não é difícil ser a primeira a conquistar todas essas coisas. Me recuso a ser reduzida a isso. Preferiria ter todas essas coisas discretamente”, afirmou.
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Apesar de levantar a bandeira em diversas ações publicitárias, ela se mostrou incrédula sobre as reais intenções das marcas. “Você realmente acha que aparecer em uma campanha da L’Oreal ou usar um vestido Gucci vai salvar os Estados Unidos daquilo que a administração Trump planeja fazer? Claro, pode ser que isso consiga ajudar alguém a se sentir melhor e se amar um pouco mais. Mas me parece pouco realista projetar expectativas tão progressistas no simples fato de que trabalho na moda e em Hollywood. Participo dessas indústrias porque gosto do trabalho que me propõem, mas não esqueço o quanto elas são racistas, sexistas e transfóbicas”, disparou.
“Quero ser vista como uma atriz, e ponto, e não como uma atriz transgênera. Tenho frequentado um especialista de fala para ampliar o alcance tonal da minha voz. Quando faço meus exercícios, fico bem mais convincente”, completou.