O jogador de vôlei assumidamente gay Michael, de 34 anos, relembrou o episódio homofóbico que sofreu durante partida dos playoffs Superliga defendendo o Vôlei Futuro, de Araçatuba (SP), contra o Sada/Cruzeiro, em Contagem (MG) em 2011, em entrevista ao UOL, publicada nesta segunda-feira (05).
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“Mas eram sempre uns três, quatro que gritavam ‘viado’, ‘bicha’, ‘gay’, ‘vai errar o saque’. Como eram poucos, conseguia lidar. Naquele dia, tentei repetir a fórmula, mas tinha uma coisa diferente. Não eram três ou quatro. Era praticamente o ginásio inteiro. Eles berravam em todas as bolas. Em todos os saques”, lembrou.
O atleta ainda contou que a pressão dos insultos, o atrapalhou no desempenho em quadra. “Aquilo influenciou no meu jogo. Cada vez que a torcida xingava, eu tentava fazer melhor ainda, queria jogar mais. Aí me atrapalhou. Esta sensação de constrangimento é muito foda. Dá uma sensação de incapacidade que você não consegue compreender direito”, lamentou.
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Michael ainda se mostrou impressionado com o apoio que recebeu após sofrer o ataque, que serviu para que assumisse publicamente a sua sexualidade. “Sabia que, de alguma forma, eu mostraria quem eu era para o Brasil e seria julgado por isso. Eu sempre tentei me manter o mais recluso possível. Ao mesmo tempo, eu não tinha que temer nada. Meu patrocinador, meus amigos, minha família e meus torcedores de Araçatuba me apoiavam”, disse.
Todo o fato serviu para criar um manifesto a favor do esportista e contra a homofobia. “Quando a bandeira ‘Vôlei Futuro contra o preconceito’ levantou, foi uma coisa muito emocionante. Não só pelo que eu tinha passado em Contagem, mas pelas coisas que eu passei antes, que meus amigos passaram antes. O ginásio inteiro fez tudo ficar mais bonito”, comemorou.