Pessoas transvestegêneres podem engravidar. O requisito básico é a presença de um útero. O segundo requisito é um ambiente hormonal adequado para que esse órgão abrigue um ovo (como é chamado o óvulo fecundado). Os dois requisitos estão presentes nas pessoas trans.
Contudo, não é prudente romantizar.
Gravidez é possível
Pessoas transvestegêneres de espectro masculino, em uso de testosterona, podem engravidar. Contudo, uma gestação onde há esse hormônio em abundância é reconhecidamente situação de risco para a criança. Portanto, havendo desejo de gestar, o apoio hormonal à adequação social do gênero através do uso do hormônio testicular deve ser suspenso. Até o presente momento, sabe-se que mesmo após anos em uso de testosterona a gestação é possível. Mas não é sabido, com certeza, qual o melhor intervalo de segurança entre a interrupção hormonal e a gravidez.
O uso de testosterona, não importa a via de administração, não é método contraceptivo! Contudo, esta é uma crença comum. Assim como é frequente imaginar que, se não há menstruação, não há gravidez.
Outro alerta em relação a gravidez indesejada: não é conhecido o impacto do uso de testosterona sobre a eficácia de contracepção hormonal. Usar métodos de barreira (camisinhas externas ou internas, diafragma) ou DIU é atitude sensata quando não se deseja engravidar.
Abortamento espontâneo é possível
Não pode ser esquecido que qualquer gestação em qualquer pessoa pode terminar precocemente – o abortamento espontâneo. Esse evento é muito mais comum do que se imagina. As estatísticas mais otimistas apontam um risco de 14%, havendo números superiores. Portanto, pessoas transvestegêneres que desejam gestar têm que saber da existência deste risco. Mas não é conhecido o risco de abortamento espontâneo em uma pessoa trans. Analisando os dados de um estudo, parece não haver diferença.
O aleitamento
A literatura médica traz poucos relatos sobre pessoas trans femininas que amamentam. Se a amamentação é consequência esperada de uma pessoa que gesta, ela somente pode ser conseguida através de estímulos diferentes em quem porta mamas, mas não o útero.
O leite produzido por uma pessoa transvestegênere, nestas circunstâncias, tem a mesma composição nutricional e imunológica daquele produzido em gestação de pessoas cisgêneres (pessoas que não são trans)? Não há estudos científicos sobre este aspecto. O único encontrado avaliou uma única pessoa, e apenas alguns aspectos nutricionais. O leite da pessoa trans avaliado era um pouco mais calórico, com quantidades adequadas de carboidratos, proteínas e gorduras.