O tórax das pessoas que nasceram com testículos não é cópia do tórax das que nasceram com ovários. Ou vice-versa. Há pequenas diferenças, como o posicionamento da mama, um pouco mais central nas primeiras e mais lateral nas segundas.
O uso de testosterona pelas pessoas trans masculinas causa atrofia da glândula mamária, mas não do seio. A glândula é o órgão que, no caso de gravidez, vai produzir leite. Ela sofre efeitos da testosterona e reduz significativamente de tamanho. O seio é a glândula mamária e a gordura que a envolve e protege. Esta não é afetada pelo hormônio.
À medida que o tempo passa com o uso da testosterona sobram a gordura (que pode ser exuberante nas pessoas obesas) e o posicionamento da mama. Estes dois aspectos prejudicam , em maior ou menor grau, a passabilidade da pessoa trans. Passabilidade é a característica da pessoa ser lida no seu gênero, pelas outras, de forma correta, ao primeiro olhar. Para as pessoas transvestegêneres não bináries é uma característica indesejável. Para as bináries, necessária.
A mastectomia masculinizante é um processo cirúrgico que remove os resquícios da glândula mamária e a gordura. E reposiciona os mamilos.
É possível haver arrependimento por se submeter a este procedimento? Esta tese é utilizada por pessoas transfóbicas como justificativa para dificultar ou barrar o acesso à mastectomia masculinizado. Seja via SUS, seja via plano de saúde. Avaliar cientificamente a questão é, portanto, relevante para as pessoas transvestegêneres masculinas.
Não é obrigatório o uso de testosterona para o procedimento. Pessoas transvestegêneres não bináries, por exemplo, podem buscar este recurso cirúrgico sem o hormonal.
Importante observar que não é possível comparar o efeito da mastectomia por câncer de mama em pessoas cisgêneres femininas com o das pessoas trans. São situações bem diferentes e não comparáveis. Os efeitos sobre as pessoas trans são avaliados em diversos estudos científicos. Há melhora na qualidade de vida, redução da disforia, aumento da satisfação com o corpo e aparência. A melhora de depressão, ansiedade e disfunção sexual ainda não tem estudos científicos suficientes. E estes três aspectos podem ter outras origens além da presença de uma mama feminina em uma pessoa masculina.
Fato a comemorar, binder “nunca mais”.
É possível haver arrependimento por se submeter a este procedimento? Esta tese é utilizada por pessoas transfóbicas como justificativa para dificultar ou barrar o acesso à mastectomia masculinizado. Seja via SUS, seja via plano de saúde. Avaliar cientificamente a questão é, portanto, relevante para as pessoas transvestegêneres masculinas. Os estudos até agora têm mostrado uma taxa de até 4%.
Importante observar que se arrepender da mastectomia não quer dizer desistir da transição de gênero. O efeito estético pode não ter sido o desejado, complicações existem (como perda do mamilo) e até mesmo o desejo de amamentar, inexistente na cirurgia.