Prof. Dr. Rodrigo Dalosto Smolareck¹
Sobre a Exclusão Explícita e\ou Maquiada
As políticas públicas emergentes para a diversidade e com vistas à inclusão, aqui no que tange ao mundo do trabalho e a comunidade LGBTQIA+, trazem, na sua escassez, pois sabemos que são construídas por vezes isoladas e sem validação de correção social das injustiças sofridas, vários questionamentos acerca do quanto a comunidade LGBTQIA+ permanece com um regime de possibilidades real, para inserção no mundo do trabalho e empregabilidade, extremamente esmagado.
Fica evidente que as seleções, em suas avaliações de desempenho, de caráter subjetivo, podem construir narrativas heteronomativas que invalidam, por vezes, quaisquer conteúdos e repertórios de competências que aquele ou aquela, candidato ou candidata, da comunidade, tenha para ocupar dado cargo ou função.
Temos então, um cenário construído com base em um “campo de forças” onde o “apropriado” está associado aquele que governa, ou, neste caso, contrata. É preciso que a discussão de governabilidade heteronomativa, nas instituições, venha à baila, caso contrário, poderemos ter pessoas LGBTQIA+ extremamente bem preparadas para atuar em frentes profissionais, cerrando fileiras em uma “espera generosa,” onde a impressão que nos chega é a de “ um ato de piedade.”
Romper com estes grilhões perpassa pela dimesão de provocar uma profunda discussão a este respeito no momento em que se inicia o desenho de uma política pública restaurativa, da igualdade de oportunidades, junto à comunidade LGBTQIA+ para que, de fato, aja o extermínio desta falsa “oportunidade generosa” ou até a falta dela.
É preciso que se entenda que a pessoa LGBTQIA+ que espera, mesmo com alta competência ou qualificação profissional tem pressa, uma vez que como identidade cidadã têm os diretos elementares assegurados pela própria Constituição Federal.
Vivemos o tempo das articulações, da reconstrução social, da revisão das bases conceituais que sustentavam a civilização do século passado, do levante das vozes emudecidas como uma possibilidade de desmonte das representações atitudinais maquiadas com uma “falsa bondade,” e a ideia de espera como “um tempo que não venha a chegar o dia,” o que se vislumbra, neste sentido, é que a construção de políticas públicas para a comunidade LGBTQIA+ sejam estruturadas por pessoas que, não tenham apenas “lugar de fala, “mas também o estudo técnico de como se faz nascer uma política pública genuinamente corretiva e com nuances para restaurar o princípio da dignidade humana e do pedido de desculpas histórico que se espera no que tange às injustiças e às barbáries sofridas pela própria comunidade.
¹ Pedagogo. Filósofo. Psicopedagogo. Sociólogo. Especialista em Direitos Humanos. Especialista em Comunicação na Pós-Modernidade. Mestre em Políticas Públicas. Doutor em Educação. (Contatos: E-mail: [email protected] Instagram: @rodrigosmolareck)