Uma poesia que faz críticas às atitudes homofóbicas começou a viralizar nas redes sociais, após um vídeo, em que um homem gay sem camisa declama o texto, passou a circular nas redes sociais. Os versos traz uma reflexão sobre o que é ser LGBT em uma sociedade altamente discriminatória.
De autoria do professor de Geografia Henrique Marques, a poesia foi escrita em 2016 durante o evento do Slam Resistência, competição de poemas que acontece na rua e aborda questões sociais como racismo, LGBTfobia, machismo e preconceito de classe.
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Henrique é pesquisador de Teoria de Gênero é pós estruturalismo e teoria queer. Confira abaixo a poesia abaixo, de Henrique Marques, e também o vídeo que viralizou na web:
Lá na quebrada é um desafio
Andar sem ser xingado
Por onde eu vou passando
Eu vou ouvindo
“Ô viado!”
Eu apenas olho,
Sorrio e aceno
E sinto muito orgulho
Porque eu sou viado ‘memo’
E acho muito bom que cês tão me reconhecendo!
Precisa melhorar pra tentar me ofender
Me chamar do que eu sou jamais vai me abater
As suas palavras soam como uma invocação
E eu faço com elas um jogo de subversão
Me chamam de viado
Que é pra me ver irritado
Mas não conseguirão:
Eu sou viado empoderado!
Os caras quer tirar
Mas nem segura as pontas
Quando eu vou lá cobrar
Me diz que “Nada contra”
Que era brincadeira, que era só piada
Que eu que sou um chato
Porque não vi a graça
Sim, eu ainda ouço
Que sou chato e sem humor
Porque nunca dou risada
Da piada do opressor
Pra sua piada
Eu ergo o dedo médio
Porque ela só tem graça
Pra quem tem seus privilégios
Morre um dos meus
A cada 27 horas
E eles morrem simplesmente
Por serem transgressores
Das cisheteronormas
E o Brasil é recordista!
Isso é coisa que perturbe!
Não querem ver trans na rua
Mas querem ver no RedTube
A transfobia mata e causa muito horror
Mas parece que se esconde
Na hora de ver pornô
Eu não me encaixo em seus padrões
E nem me tranco em seus armários
Eu vim pra jogar glíter
Na cara do Bolsonaro
Eu não quero ser discreto
Eu ignoro os seus decretos
O que eu quero é dar close
Porque o close é protesto!
Lá na periferia tá lotado de bicha
Eu falo o pajubá, mas eu também domino a gíria
E vim reivindicar o meu direito de dar pinta
E vim pra ocupar papel de protagonista
Se liga, vacilão!
Pergunto pra você:
Me mandou tomar no cu e achou que eu ia me ofender?
Eu fico rindo à toa, da cara da pessoa
Cê pensa que me ofende desejando coisa boa?