O REI DA TV

Apoiador ou inimigo? A relação complexa de Silvio Santos com a comunidade LGBTQIAPN+

Silvio Santos com Paulette Pink, Penelopy Jean, Dimmy Kieer, Deendjer Ti, Deendjer Vi e Ava Simões- Divulgação/SBT/Lourival Ribeiro
Silvio Santos com Paulette Pink, Penelopy Jean, Dimmy Kieer, Deendjer Ti, Deendjer Vi e Ava Simões- Divulgação/SBT/Lourival Ribeiro

Silvio Santos morreu aos 93 anos de idade neste sábado (17/08). Segundo o hospital Albert Einstein, o apresentador e empresário morreu em decorrência de uma broncopneumonia após infecção por influenza (H1N1).

O animador foi um dos maiores nomes da televisão brasileira, em especial à frente do Programa Silvio Santos, que comandava desde 1963, e do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT, que entrou no ar em 1981.

Silvio deixa a mulher Íris Abravanel, com quem era casado desde 1978 e teve as filhas Daniela Patrícia, Rebeca e Renata. Também deixa as filhas Cíntia e Silvia, do primeiro casamento, com Cidinha, que morreu em 1977, 14 netos e 4 bisnetos.

Na comunidade LGBTQIAPN+, Silvio Santos divide opiniões, há quem o ame e também existem os que o detestam. O ícone repleto de bordões, conhecido pelas invovações que levou à TV. Dentre elas, foi pioneiro a levar drag queens, mulheres travestis e trans para os televisores de todo o Brasil com o Concurso de Transformistas, expressão da época, quadro apresentado por ele entre entre as décadas de 1980 e 1990, num tempo em que não se discutia seriamente termos como transexualidade ou transfobia.

Na atração, o comunicador avaliava o trabalho de maquiagem, os vestimentos, a oratória necessários para a transformação e ele sempre se mostrou curioso por suas histórias e as preparações para seus números. Ao longo dos anos, numa das emissoras mais assistidas do país, passaram concorrentes antes mesmo de assumirem a sua verdadeira identidade gênero, como Ava Simões.

Em junho de 2022, ela retornou ao programa três anos após se tornar Miss Trans Internacional, ao lado de diversas drag queens e trans, como Paulette Pink, Penelopy Jean, Dimmy Kieer, Deendjer Ti, Deendjer Vi, e Silvio aproveitou para sanar questionamentos a respeitos da transexualidade, ou seja, termo que se refere quando uma pessoa não se identifica com o gênero que lhe foi designado ao nascer.

“Quando teu pai e tua mãe receberam você, você era um menino. Por qualquer razão, que eu desconheço, você foi se comportando de uma maneira, que você se convenceu de que não era um menino. […] Aí você recorreu ao médico, à ciência, e a ciência fez com que você deixasse de ser menino e passasse a ser menina. E as pessoas que passam por isso, hoje são chamadas de transexuais, ou seja, transferiram o sexo de menino pra menina. Mas também pode nascer menina e pode querer ser menino”, declarou.

“Posso te dizer que passei a ser mais feliz”, respondeu Ava. “Tá certo. Se você nasce um menino, mas está verificando que os anos estão passando e você tá se sentindo uma menina, você tá sofrendo. Se você quer se livrar desse sofrimento e a ciência permite, você faz a transformação e fica feliz”, afirmou.

“Exatamente. Silvio, você tá sendo um serviço grandioso para o Brasil”, celebrou a modelo, que pediu palmas para o apresentador. “Se eu estou com o cabelo na testa me incomodando eu vou no salão e mando cortar. Para que me ver sofrendo se pode me ver contente?”, questionou na época. Impressionada com os comentários do animador, Ava Simões pediu uma salva de palmas para Silvio Santos.

Até o final da vida, ele continuou abrindo as portas de seu programa para a arte e a beleza da comunidade LGBT+, mesmo assim, muitos membros resistiram a elogiar o comportamento do comunicador, conhecido por acusações de homofobia nos anos anteriores, em muitas ocasiões, ele chegou a perguntar, por exemplo, se a artista trans que estava no palco era “homem”, também era comum xingamentos homofóbicos como “bicha”.

Além de ter apoiado o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL). Entretanto, muitos que defendem o Rei da TV, apontam que ele era um idoso e de “outra época” e que foi responsável por desmistificar e trazer à luz para uma parcela então marginalizada da população.

Confira, abaixo, o momento: