PRECONCEITO

Daniel Adjuto entrevista gari agredido em metrô e desabafa no ar: "Também sou gay, e daí?"

Âncora de telejornal deu apoio à vítima em Brasília, reafirmando sua orientação sexual ao vivo

Daniel Adjuto, apresentador do SBT Brasília - Reprodução/SBT
Daniel Adjuto, apresentador do SBT Brasília - Reprodução/SBT

Daniel Adjuto, de 34 anos, âncora que comanda o SBT Brasília, se revoltou ao vivo nesta sexta-feira (30/08) após entrevistar um gari agredido por uma mulher dentro de um vagão do metrô do Distrito Federal, na tarde dessa quinta-feira (29/08). O vídeo viralizou nas redes sociais.

Em conversa com a vítima, que apareceu sem revelar a identidade, o jornalista criticou a postura da moça e afirmou que profissão não deveria ser motivo de discriminação, assim como a orientação sexual.

“É qualidade de vida, é digna, é mais digna inclusive do que essa sua atitude criminosa e covarde. Porque nem para bater no peito e assumir, a senhora assumiu. Você fugiu, colocou máscara, óculos escuros para não ser pega”, iniciou ele.

“Com todo respeito, não precisava ficar atrás dessa imagem escura, não, tá?Não vou nem falar seu nome. Não precisa ter vergonha, não. Pelo contrário. Não tem nada que justifique. Quem deve estar com vergonha é ela [a agressora]. A gente precisa muito do seu trabalho”, destacou.

Na sequência, ele também se identificou com a vítima ao comentar sobre a própria orientação sexual. “Nem por você ser gay. Isso também não é condição para você ser alvo de criminoso. Também sou, e daí? Não é porque você é gari que isso te faz menor”, afirmou.

“Estou aqui apresentando um jornal e também sou [gay]. Qual é o problema? Vai me xingar também, vai me bater? Meus sentimentos e solidariedade a você. Que isso não te desanime na sua profissão tão honra e tão bonita. Obrigado por conversar conosco!”, finalizou.

Entenda o caso

O confronto no metrô foi registrado em vídeo e mostra a mulher agredindo o gari, que estava sentado no chão dentro de um vagão do metrô da capital federalao lado de uma colega de trabalho. Após uma breve discussão, a moça desferiu um chute e um soco no rosto do trabalhador.

O bate-boca continua. Os garis se levantam, e a colega do jovem agredido fica entre os dois passageiros para evitar novos ataques da mulher. Enquanto a discussão segue, passageiros sacam os celulares para gravar a cena. Cerca de dois minutos depois, a agressora desce do vagão.

De acordo com o relato da vítima ao portal Metrópoles, a confusão começou quando a mulher exigiu que os garis cedessem o assento para ela. “Estávamos sentados, e essa senhora entrou dizendo: ‘Saiam do banco para eu sentar’. Minha amiga levantou, mas ela se recusou a sentar do nosso lado. Mesmo assim, pegamos nossas coisas e sentamos no chão”, explicou.

A mulher acusou o gari de ofendê-la, algo que ele nega veementemente, alegando que nunca a chamou de “vagabunda”, como ela declarou. Após a agressão, ela desceu do trem na estação seguinte. O caso deve ser investigado pela 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul).