Na Irlanda, médico pode se tornar o primeiro premier abertamente gay do país

Leo Varadkar é gay e filho de imigrantes asiáticos - CLODAGH KILCOYNE / REUTERS
Leo Varadkar é gay e filho de imigrantes asiáticos - CLODAGH KILCOYNE / REUTERS

A Irlanda está à beira de uma enorme mudança em sua vida política com a possível ascenção do médico Leo Varadkar ao cargo de primeiro-ministro, uma medida que daria ao país, fortemente católico, seu primeiro líder abertamente gay e descendente de imigrantes asiáticos. Varadkar lidera a corrida para suceder o premier Enda Kenny, que anunciou sua disposição de renunciar no início do mês, como líder do partido Fine Gael e, consequentemente, no cargo de chefe de governo.

Aos 38 anos, o político construiu uma liderança quase intransponível antes da escolha, na próxima semana, do sucessor de Kenny. Ele entrou para a política aos 22 anos. Aos 27, foi eleito para o Parlamento. Dois anos depois, assumiu a homossexualidade. E agora deve se tornar a pessoa mais jovem a ocupar o cargo.

Seu único adversário é Simon Coveney. Mas Varadkar obteve o apoio público de 46 dos 73 deputados do Fine Gael na corrida para suceder a Kenny, no dia 2 de junho – que representam 65% do voto final; membros do partido e representantes locais formam os demais 35%. Para analistas, é pouco provável que a maré mude a favor de Coveney.

Os apoiadores estão comparando o médico ao primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e ao novo presidente francês, Emmanuel Macron, esperando que ele, vindo da geração mais atingida pela mais dura crise econômica em uma década, possa transformar o cenário político.

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— Sinceramente, não acho que em 1981, quando fui eleito pela primeira vez, poderia prever uma época em que um homem abertamente gay pudesse se tornar Taoiseach (primeiro-ministro) — disse Nora Owen, que foi ministra da Justiça nos anos 90.

O fato de que tal marco ser mencionado apenas na mídia local ou que o candidato tenha chances de liderança demonstra o quão longe o país de 4,6 milhões de habitantes, que já foi um dos mais conservadores na Europa Ocidental, chegou. Tendo descriminalizado a homossexualidade só em 1993 e introduzido o divórcio dois anos mais tarde, a Irlanda se tornou o primeiro país a adotar o casamento gay através de um referendo popular em 2015, o que atraiu o apoio esmagador vindo de todos os cantos do território. A votação marcou uma nova diminuição do domínio da Igreja sobre a sociedade irlandesa, que tem sido enfraquecido nas últimas duas décadas — seja pela descoberta de escândalos de abuso sexual envolvendo sacerdotes, ou pela crueldade em instituições administradas pela Igreja Católica.

Fonte: O Globo

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