Laerte, de 73 anos, abriu o coração e relatou o momento de dor que viveu após a morte do filho, Diogo. Em entrevista ao programa Alt Tabet, do Canal UOL, a cartunista contou como lidou com a perda do herdeiro e falou do impacto do ocorrido em seu trabalho.
“Quando o Diogo morreu, achei que tudo tinha acabado, falei ‘não quero mais desenhar, não quero mais fazer nada’. Durante um tempo fiquei nessa coisa, daí percebi que eu podia continuar trabalhando com o que eu trabalhava e que também era uma oportunidade de radicalizar um modo de trabalhar que eu vinha desenvolvendo, que é a ideia de deixar os personagens de lado, deixar de lado a confecção da piada e trabalhar de um jeito diferente”, destacou.
Na sequência, ela também admitiu que o luto também interferiu em sua transição de gênero, que foi interrompida em decorrência da morte de Diogo. “A morte dele influenciou não só meu trabalho como também minha transição de gênero, minha vivência”, afirmou.
“Aquele momento me ajudou a radicalizar as coisas de tal forma que tornou possível a passagem da expressão gráfica do meu trabalho, mas impediu uma transição que acontecia no campo de gênero, porque nesse momento eu bloqueei tudo isso, deixei embaixo do tapete, e fui trabalhar só com a transição gráfica. E aí é como cada um lida com as coisas”, acrescentou.
A desenhista contou que sua transição se deu devagar. “A transição de gênero foi algo a mais na minha vida, me fez muito bem, fiquei muito satisfeita. Para mim foi uma coisa bem paulatina, fiquei 10 anos sem ninguém perceber”, comentou.
Laerte também confessou que considerou alterar o nome. “Pensei em mudar de nome, me chamar Sônia, porque o crossdresser tem essa coisa de ter uma existência em masculino e em feminino, que para muita gente é conveniente, é um resguardo de situações sociais. Mas para mim não tinha muito sentido”, revelou.
Diogo tinha 22 anos quando morreu em 2005 em um acidente de carro. Além dele, Laerte tem outros dois filhos: Rafael e Laila.