Influencer trans desabafa: "Saí do Brasil pra não morrer"

Lady Chokey compartilhou a dura realidade da comunidade LGBTQIAPN+ no país

Lady Chokey - Reprodução/Instagram
Lady Chokey - Reprodução/Instagram

Lady Chokey, de 28 anos, que está fora do Brasil há cerca de três anos, compartilhou sua dura realidade durante o podcast GringaCast, apresentado por Renato Ray. Sua saída do país foi motivada pela violência crescente e pela falta de oportunidades para pessoas trans.

“Se eu ficasse mais tempo no Brasil, talvez eu nem estaria aqui, falando com você. O Brasil é um país muito complicado. A gente tem uma falsa ilusão de que está em casa, mas a realidade não é bem assim”, afirmou.

Na sequência, a influencer comentou sobre a constante pressão social como fator decisivo para sua mudança. “Infelizmente, o índice de expectativa de vida para uma pessoa trans no Brasil não é muito alto. Esse foi o principal motivo pelo qual eu saí”, revelou.

A influenciadora digital também compartilhou sua experiência desafiadora com a plataforma TikTok, que resultou em um processo judicial. Ela explicou como a plataforma baniu sua conta de forma repentina, afetando seu trabalho como criadora de conteúdo.

“Eu processei o TikTok porque eles baniram a minha conta, alegando que eu estava infringindo as diretrizes da plataforma. Esse processo já dura dois anos. Eu ganhei a ação, inclusive, e eles me devolveram a conta há cerca de cinco dias”, destacou.

“Entrei no TikTok quando a plataforma chegou com tudo no Brasil. Minha conta tem quase meio milhão de seguidores. Tenho um vídeo com 50 milhões de visualizações e mais de um milhão e meio de likes. Eles me silenciaram pouco antes da monetização ser disponibilizada para os criadores de conteúdo, e eu perdi toda essa fase. Foram dois anos sem poder criar conteúdo e monetizar, dois anos sem postar vídeo. Me senti muito prejudicada, então processei”, acrescentou.

Lady já morou em cidades como Paris e Londres e, atualmente, reside nos Estados Unidos, onde usa suas plataformas para dar visibilidade à luta da comunidade LGBTQIAPN+.

Vale destacar, que de acordo com o relatório mais recente do Trans Murder Monitoring (TMM), divulgado em novembro do ano passado, no Dia Internacional da Memória Transgênero, o Brasil permanece como o país que mais mata pessoas transexuais no mundo, pelo 15º ano consecutivo.

Entre outubro de 2022 e setembro de 2023, foram registrados 321 assassinatos de pessoas trans ao redor do mundo, sendo pelo menos 100 no Brasil — 31% do total.

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra: