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UFRRJ é a 2ª universidade do Rio de Janeiro a aprovar cotas para pessoas trans e travestis

Medida começa a valer já em 2025 e vai abranger todos os cursos

UFRRJ aprova cotas para pessoas trans e travestis - Divulgação
UFRRJ aprova cotas para pessoas trans e travestis - Divulgação

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) aprovou uma política de cotas para pessoas travestis e transexuais em seus todos os seus cursos de graduação. Essa cota começa a valer já em 2025.

A decisão, tomada de forma unânime pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFRRJ na última terça-feira (24/09), reserva 3% das vagas para transexuais e travestis, vagas estas supranumerárias, ou seja, as vagas dessa seleção não vão interferir naquelas da ampla concorrência ou das outras políticas de cotas. Em outras palavras, a cota trans não vai “retirar vaga” de ninguém.

A entrada será feita com base na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas não pelo Sistema de Seleção Unificado (Sisu) – haverá um edital específico (como é feito no caso das vagas remanescentes). Além da autodeclaração, será feita uma análise documental, que avaliará, por exemplo, se o/a postulante tem Carteira de Identidade Nacional com nome social.

Joyce Alves, relatora da minuta da proposta e primeira pessoa trans a ocupar uma pró-reitoria na instituição de ensino, celebrou o resultado como uma vitória significativa para os movimentos sociais e acadêmicos que lutaram por anos em prol dessa causa.

“Esta política que aprovamos agora foi construída por muitas mãos, num processo coletivo que envolveu movimentos sociais, grupos organizados de estudantes, sindicatos de professores (Adur) e técnicos (Sintur). Não foi fácil, mas vencemos!”, celebrou.

“Quando cheguei à Rural em 2012, vinda de São Paulo, me disseram para tomar cuidado com a homofobia na instituição. Naquele momento, fui plenamente acolhida pelo Grupo Pontes, pioneiro nessa luta aqui na UFRRJ. De lá para cá, avançamos muito contra a LGBTQIA+fobia, o racismo e o assédio, com conquistas como a criação do banheiro neutro e a adoção da política de cotas para trans na pós-graduação (fomos a primeira universidade a aprovar isso). Hoje a gente entra numa Universidade Rural muito mais diversa”, destacou.

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), parabenizou a UFRRJ e Joyce por seu papel crucial na implementação da política afirmativa. Em nota oficial, ressaltou a importância de políticas de reparação como esta, destacando o avanço significativo para o acesso de pessoas trans à educação superior, o que representa um marco na luta por igualdade e inclusão social no Brasil.

Vale destacar, que a medida segue o exemplo da Universidade Federal Fluminense (UFF), sendo vista como uma reparação histórica frente à exclusão e violência enfrentadas pela população trans.