POLÊMICA

Travesti mostra bunda e faz performance erótica em palestra na UFMA: "Minha pedagogia liberta"

Tertuliana Lustosa participou de um seminário intitulado Dissidências de gênero e sexualidades

Tertuliana Lustosa faz performance erótica em palestra na UFMA - Reprodução/Instagram/Montagem
Tertuliana Lustosa faz performance erótica em palestra na UFMA - Reprodução/Instagram/Montagem

Uma mesa redonda na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) sobre gênero e sexualidade causou polêmica após uma das palestrantes, Tertuliana Lustosa, de 28 anos, fazer uma performance erótica durante o evento, realizado nesta quinta-feira (17/10).

A historiadora, que é travesti, foi convidada para palestrar no seminário intitulado Dissidências de gênero e sexualidades, organizado pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política (Gaep).

O vídeo de Tertuliana – que também é pesquisadora mestranda em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e vocalista da banda A Travestis – foi publicado em suas redes sociais e mostra ela cantando e dançando um brega funk, intitulado Educando com o C*, na bancada dos palestrantes. Na performance, a cantora e compositora subiu em uma cadeira e começou a dançar, chegando a mostrar a bunda para a plateia e é aplaudida após o término.

“Convido vocês a conhecer a minha pesquisa: Educando com o C… e entender que a universidade é sim lugar de múltiplas formas de conhecimento, inclusive do proibidão. Obrigada GAEP UFMA pelo convite”, escreveu ela na legenda da publicação.

Na aba dos comentários do Instagram, o ato gerou controvérsias, dividindo opiniões entre os próprios seguidores de Tertuliana Lustosa. “Minha querida, Universidade é lugar de educação e não de proibidão. Se vocês não sabem, vivemos em sociedade e existem ou devem existir limites em certos comportamentos. Universidade é lugar de se educar as pessoas, dentre outras coisas, a respeitar seu próximo independente de qualquer coisa”, disse uma seguidora. “Não podemos normalizar um comportamento desses dentro de um espaço dedicado à educação! Isso é um absurdo! Passou de todos os limites de bom senso e civilidade”, detonou outro. “Considerando que mais da metade de nós travestis não possui nem o ensino fundamental, pois estamos alienadas à prostituição , sem direitos a uma educação formal, realizar esse tipo de performance reforça ainda mais nossa vulnerabilidade”, afirmou uma terceira. “Que cena lamentável. Você só incentiva ainda mais a discriminação e ódio contra trans e travestis que lutem a cada dia pra se livrarem da imagem de marginalizadas e promíscuas, termos que a sociedade à impõe automaticamente. Passou vergonha e isso não representa em nada nossa comunidade LGBTQIAPN+”, criticou mais um.

Após a repercussão, a artista falou que não é a primeira vez que causa polêmica por causa do estudo, que já foi ministrado em outras universidades do Brasil. “Na verdade, desde que eu fiz o primeiro evento Educando com o c*, as pessoas já acharam um absurdo, falaram que a universidade é uma balbúrdia, mas as pessoas não entendem a produção do conhecimento”, declarou.

Na sequência, ela reforçou que a pedagogia que ela propõe é “educar com o c*” e diz se identifica como uma “trava das peste” e que vai “enfrentar todos os preconceitos, todo o povo antiquado que, infelizmente, não faz o menor exercício de análise. Por onde eu for, onde eu passar, eu vou levar a minha travestilidade nordestina como forma de questionar o sistema”.

Em nota oficial, a UFMA informou que está averiguando o caso e que vai tomar as providências cabíveis após ouvir todas as partes envolvidas, reforçando seu compromisso com um ambiente acadêmico inclusivo, respeitoso e transparente.

A instituição de ensino ainda assegurou que que “não compactua com quaisquer tipos de ações que possam desrespeitar os valores e princípios basilares da instituição” e que “está averiguando o ocorrido e tomará as providências cabíveis, após o comprometimento de ouvir todas as vozes”.

Ainda destacou a importância do seminário para o avanço acadêmico sobre o tema, reconhecendo a autonomia dos cursos para debater questões sociais contemporâneas. O evento integra uma agenda de pesquisa dedicada a aprofundar o estudo das questões de gênero, focando nas experiências e desafios enfrentados por grupos marginalizados.

Confira, abaixo, o momento:

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