Um padre de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro, foi denunciado à polícia por homofobia após um discurso feito em uma missa de 7º dia na capela do Colégio Nossa Senhora das Dores. Bernardo Dugin, de 34 anos, foi o responsável por registrar o boletim de ocorrência (BO) após as declarações homofóbicas do líder religioso.
“Na delegacia, fiz o registro de ocorrência de crime, de um discurso homofóbico de um padre dentro de uma missa de 7º dia”, resumiu o ator nas redes sociais. O caso aconteceu em maio do ano passado — e em setembro deste ano, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) ofereceu denúncia contra o sacerdote.
Durante a homilia, momento em que o sacerdote prega sobre temas específicos, o padre Antonio Carlos dos Santos disse, segundo o artista, que já participou de algumas tramas da Globo, como Todas as Flores (2022), “que o demônio está entrando nas casas das pessoas, de diferentes formas, para destruir as famílias, na representação da união de pessoas do mesmo sexo, homem com homem, mulher com mulher, e etc”.
Dugin conta que ficou chocado com o que ouviu. “Fomos todos à missa em memória a um ente querido. Eu e meu namorado estamos juntos há 10 anos. Tenho três sobrinhos, afilhados e vivemos cercados do maior amor do mundo. Não acreditava. Minha família de luto, em busca de conforto. Saí de lá mais dilacerado”, desabafou.
Na sequência, ele destacou que não pode afirmar com certeza, mas acredita que o padre tenha percebido que ele e o namorado eram um casal. “Estávamos sentados um ao lado do outro. Como a igreja estava cheia, estávamos bem próximos. Sentimos alguns olhares”, afirmou.
O ator conta que nem ficou até o final da celebração. Em meio ao discurso homofóbico, ele se levantou e se retirou do local e no dia seguinte foi à delegacia para registar um boletim. “Enquanto eu saía, ouvi ele dizer que quem se sentiu ofendido tinha que aceitar que aquela era a verdade. Bom, agora o senhor vai ter que responder na justiça o crime que o senhor cometeu”, revelou.
O líder religioso foi afastado da Diocese de Nova Friburgo. De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), o caso ainda está em fase de inquérito policial. O Ministério Público (MP) fez a denúncia e as investigações estão em andamento com a Polícia Civil.
O MP propõe que o sacerdote seja denunciado pelo crime de racismo qualificiado. Eles pedem também uma indenização por dano moral de R$ 50.000.
Bernardo Dugin comemorou à decisão: “Mais um passo na luta diária contra o preconceito. Agora o caso está com o juiz. Que ao final deste processo o padre seja condenado e pague pelo crime que cometeu. Homofobia não. Racismo não. Agradeço ao meu advogado Caio Padilha pelo empenho e acolhimento. E a todos que me apoiaram nesta difícil escolha de seguir adiante em respeito à nossa dignidade”.
A Diocese de Nova Friburgo divulgou uma nota oficial sobre o ocorrido. “A Diocese de Nova Friburgo, por meio de seu Bispo Bom Luiz Antonio Lopes Ricci, lamenta profundamente o ocorrido com o ator Bernardo Dugin, durante a Santa Missa de 30 de abril, na Capela do Colégio Nossa Senhora das Dores, em Nova Friburgo. Pedimos perdão às pessoas que se sentiram ofendidas e reafirmamos aquilo que é recorrente nas orientações do Bispo para os padres e leigos: misericórdia, respeito, diálogo, tolerância e reconciliação”, diz o texto.
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