Poppers são drogas recreativas de uso normalizado na comunidade LGBTQIA+, principalmente por homens que fazem sexo com homens. Em 2019, Sam Smith assumiu que cheirava poppers depois de cliques com o nariz na botija.
No entanto, apesar de poppers serem comuns, isso não significa que seu uso é seguro. Inclusive, o uso extensivo de poppers durante o sexo pode causar dependência psicológica.
Poppers são compostos de substâncias químicas da classe dos nitratos de aquila, geralmente nitrito de isoamila, isopentila, isobutila ou isopropila.
Conhecidos também como “super rush”, os poppers são populares intensificar o prazer do sexo anal, já que um de seus efeitos colaterais é o relaxamento muscular generalizado.
O que significa popper
Em entrevista para o portal de saúde Drauzio Varella, a dra. Maria Claudine Cheim, psiquiatra do Hospital São Camilo, em São Paulo, explicou a origem do nome “poppers”.
“Eles eram utilizados no século passado como medicação. Foram descobertos como a maioria das substâncias, inicialmente para uso medicinal. No caso, eram usados para melhorar episódios de angina, dor no peito, porque eles conseguiam um efeito de relaxamento. Eles eram utilizados em pequenos comprimidos que precisavam ser quebrados e inalados. Nesse processo, faziam um barulho de ‘pop’. Daí a derivação do nome poppers”, esclareceu a médica.
Uso dos poppers
As substâncias químicas do composto extrarrecreativo são inaláveis, sendo absorvidas rapidamente. Além disso, elas provocam uma sensação de bem-estar e euforia. Ainda mais, ocorre um efeito de relaxamento da muscultarura, que se estende à região pélvica e anal.
Sendo assim, o uso dos poppers é mais comum entre homens no papel sexual de receptor, já que a substância pode provocar um relaxamento indesejado do pênis. Por consequência, há homens que relatam breve efeito colateral de perda da ereção.
A dra. Carla Bicca, coordenadora da Comissão da Psiquiatria das Adicções da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), comentou os efeitos do uso de poppers para o portal do dr. Varella. “Rápida alteração no sensório, excitação inicial, desinibição, tontura, agitação, aumento das sensações, descontrole e alterações do humor”, disse a médica.
Há outros efeitos indesejados do uso de compostos. “Calor, rubor (vermelhidão), crises de hipotensão arterial (pressão baixa), desmaios, cefaleias (dores de cabeça) ou enxaquecas, tonturas e taquicardia”, complementou ela.
Perigos associados dos poppers
Ainda segundo a dra. Cheim, o uso dos poppers causa desinibição. Apesar de, no papel, parecer um bom efeito, há riscos associados em perder o autocontrole.
“O usuário pode se expor de alguma forma a uma atividade sexual de risco, por estar mais propenso a relações com múltiplos parceiros e sem preservativo, o que aumenta as chances de contrair uma IST”, diz a dra. Cheim.
A dra. Carla Bicca ecoa a preocupação sanitária no uso prolongado da substância, uma vez que pode-se deslizar rapidamente para o uso indiscriminado.
“O uso abusivo está associado ao sexo inseguro, aumento do risco de contrair e disseminar doenças infecciosas como hepatites e HIV/aids. O uso de longo prazo pode levar a lesões anais [e a] doenças transmissíveis por sangue e sexo anal”, completa ela.
Chemsex: o que é
Chemsex é uma prática que associa uso de substâncias psicoativas com a relação sexual para aumentar o prazer ou a sensação de desinibição.
Alguns preferem o álcool ou a maconha para conquistar um relaxamento que não conseguem de outra forma. No entanto, os poppers conquistaram um espaço na comunidade LGBTQIA+ porque seus efeitos são imediatos e rápidos.
“A dependência química [com os poppers] não é tão comum. Mas existe uma questão de uma dependência comportamental, psicológica, em que a pessoa só consegue obter gratificação sexual quando ela consome a substância, só consegue praticar um ato sexual [desse jeito]”, explica a dra. Cheim.