Saudações literárias! Aqui, cada palavra carrega a força da diversidade e da representatividade LGBTQIAPN+.
Eu ainda estou com o coração acelerado — e não, não é exagero. Ontem, 7 de junho de 2025, encerraram-se as filmagens de “Quinze Dias”, filme baseado no livro homônimo do autor Vitor Martins. E se você, assim como eu, foi abraçado por essa história lá atrás, quando o livro saiu em 2017, sabe o quanto esse momento é histórico, simbólico e necessário.
Ver Quinze Dias ganhando vida nas telas é como presenciar um milagre construído com suor, coragem e muita verdade. Porque essa história não é só sobre um garoto gay e gordo que se apaixona por seu crush de infância durante as férias. É sobre cada um de nós que já se sentiu deslocado. É sobre afetos que não são representados, sobre corpos que não cabem nas vitrines padronizadas do entretenimento, e sobre a urgência de nos enxergarmos — com todas as nossas camadas, medos e desejos.
O Felipe, nosso protagonista, é interpretado por Miguel Lallo, e que escolha linda! Miguel traz um frescor, uma naturalidade e um carisma que transbordam verdade. Quando olhei para ele nas primeiras imagens divulgadas, eu vi tantos meninos que conheço. Vi o adolescente que eu fui. Vi representatividade sem maquiagem, sem rótulo forçado. Vi potência. E ao lado dele, temos Diego Lira no papel de Caio — o vizinho, o crush, o garoto esportivo com segredos e inseguranças próprias. O Caio do Diego é doce, cheio de camadas, e é lindo ver que o filme não o transforma em um “objeto de desejo inalcançável”. Ele também é humano. Vulnerável. Real.
E como não mencionar Débora Falabella como a mãe de Felipe? Que presente. Ela entrega com delicadeza a mãe que acolhe, que tenta entender, que erra e acerta — como todas. E o elenco de apoio não decepciona: Mariana Santos, Silvio Guindane, Bel Moreira, Fernando Caruso… todos comprometidos em contar uma história com o coração aberto.
As gravações aconteceram no Rio e em Cataguases, Minas Gerais. E sabe o que me emociona de verdade? É que o próprio Vitor Martins esteve envolvido em todo o processo. O menino que sonhava em se ver nas páginas agora vê seus personagens caminhando pelas ruas de um set de filmagem. Ele mesmo disse que a adaptação é “mais aberta, sai mais do apartamento”, mas que o que importa permanece: o coração da história continua batendo forte. E que bom. Porque nosso coração precisa bater junto.
Eu falo isso como alguém que escreve, lê e vive literatura LGBTQIAPN+ todos os dias: Quinze Dias não é só um filme teen. É um ato político. É um grito de afirmação. É um espaço seguro. É o que a gente sempre quis ver quando éramos adolescentes e não vimos. É sobre finalmente ocuparmos todos os lugares — inclusive o protagonismo.
E não me venham dizer que representatividade não importa. Importa, sim. Importa ver um personagem gordo sendo desejado, importa ver um beijo entre dois meninos sendo tratado com carinho e não com trauma, importa que nossas histórias sejam contadas por quem vive e sente isso na pele. A diversidade precisa deixar de ser exceção para se tornar regra. E quando filmes como esse são produzidos, a gente dá um passo nesse caminho.
Ainda não temos data de estreia. Ainda não sabemos onde vai passar. Mas já sabemos o principal: ele existe. Ele foi feito. E ele é nosso.
Nos vemos entre as páginas e palavras que ressignificam o mundo. Até o próximo encontro literário!