História real

Ex-líder evangélico que defendia ‘cura gay’ rompe com igreja e vive com outro homem

Depois de pregar contra gays por 18 anos, ex-pastor denunciou a prática nas igrejas
08/08/2025 10:27
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(foto: iStock)

Ex-líder evangélico que defendia ‘cura gay’ rompe com igreja e vive com outro homem

Sergio Viula atuou durante cerca de 18 anos na igreja evangélica, e na grande maioria de seus discursos, pregava sobre a "cura gay", além de acreditar que ele mesmo tinha sido "curado" de seu desejo por outros homens.

Hoje aos 56, após ter sido casado com uma mulher e ter dois filhos, ele se separou, abandonou a igreja, se assumiu gay e vive há 10 anos com outro homem. "Eu achava que Deus era capaz de fazer qualquer coisa na minha vida, desde que eu tivesse fé. Me entreguei completamente para aquilo e vivia a 'cura' porque eu realmente acreditava nela", revelou ele, em entrevista ao portal UOL.

Filho de católicos praticantes, Sergio Viula teve sua infância marcada pelo pensamento religioso. "Fui batizado na igreja católica e fiz a primeira comunhão. Fui criado com a ideia de que um homem jamais poderia ficar com outro homem, que isso não era correto, que era pecado", relembrou.

Apesar da influência católica em casa, ele passou a frequentar as igrejas evangélicas ainda quando adolescente, e que desde então, iniciou sua - tentativa de - cura gay. "Eles percebiam que eu era gay e queriam me ganhar para Cristo. Virei a missão deles e acabei me deixando convencer. Me encantei com a pregação dos pastores porque era diferente da missa. A missa era muito regrada, muito previsível", disse Sergio, que relatou a opressão que sofria dentro do ambiente religioso.

"Eles não aceitavam a homossexualidade de jeito nenhum. Se você é gay, ou vai viver no celibato ou vai ser transformado", explicou. "Para mim, não existia preço alto para a minha dedicação. Porque, se eu não tivesse a missão, eu tinha a culpa e o medo. Achava que estava me entregando, por amor genuíno a uma crença, a um Deus verdadeiro, motivado por amor", acrescentou o ex-pastor.

Em 2003, após uma viagem, Sergio se separou de vez, da esposa e da igreja, e se assumiu homossexual. "Chamei os pastores e conversei. Também comecei um blog, fiz denúncias sobre práticas de terapia de conversão, de cura gay, entre várias outras coisas que eu passei a denunciar na internet. Eu poderia ter ficado na minha, mas quis fazer dessa forma", disse.

"Não sinto culpa [por ter pregado a cura gay], porque estava reproduzindo uma coisa na qual eu acreditei veementemente. Fui uma vítima do sistema e reproduzi o sistema. Mas, se tem uma coisa que eu posso dizer, é a seguinte: a cura gay é mentira. E eu fui besta de acreditar e reproduzir", afirmou ele.

Sergio e André (Foto: Arquivo Pessoal)

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