Sexo biológico é um espectro e visão binária da humanidade é questionável, diz cientista
O bioantropólogo norte-americano Agustin Fuentes apontou que a tentativa de reduzir a humanidade a uma divisão binária entre homens e mulheres não corresponde à realidade científica.
O pesquisador, que é doutor em antropologia pela Universidade da Califórnia em Berkeley, lançou o livro Sex Is a Spectrum: The Biological Limits of the Binary (Sexo é um espectro: os limites biológicos do binário), nos Estados Unidos.
Para a elaboração da publicação, o bioantropólogo da Universidade de Princeton (EUA) também com cientistas indígenas brasileiros eco para o que está no cerne de seus mais de trinta anos de pesquisas realizadas em 15 países.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Agustin Fuentes explicou o motivo de classificar o sexo biológico como "imprecisão". "É importante que fique claro o que exatamente queremos dizer quando falamos em sexo biológico. Porque, na maioria das vezes, as pessoas não estão falando sobre sexo biológico, mas sobre gêneros, ou seja, homem e mulher", iniciou.
"Nós, humanos, somos diferentes, somos mais como uma distribuição da biologia, da matéria orgânica que nos compõe. Então, existem agrupamentos típicos nessa distribuição, os quais chamamos de masculino e feminino, mas há também uma variação não apenas entre, mas dentro desses agrupamentos", refletiu o bioantropólogo.
Agustin, ainda, negou que faça sentido afirmar que ser gay é "antinatural" no campo de vista científico. "Não faz. Eu escrevi este livro porque as pessoas deveriam conhecer a biologia básica. Uma vez que você entende isso, podemos debater. O problema é que muitos conservadores dizem: "a biologia me respalda, por isso devemos proibir os gays". Mas não há nada, biologicamente falando, que diga que ser gay não é parte da experiência humana", declarou. "Então, se você quer dizer "eu odeio pessoas gays", admita que é o seu ódio. Não diga que a biologia sustenta o seu argumento", concluiu.
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