(foto: Divulgação)Moisés Cavalcante
Conhecido no universo do entretenimento adulto gay como Fernando Albuquerque, Moisés Cavalcante, de 36 anos, virou assunto nas redes sociais após ser tema de um vídeo viral no TikTok.
A publicação feita pelo criador Diego Úvida despertou uma curiosidade do público pelo paradeiro do ex-ator pornô, que ficou conhecido na década de 2000 ao ter ingressado nesse universo em meio à vulnerabilidade financeira.
Em entrevista exclusiva ao Observatório G, Moisés Cavalcante revisitou o início de tudo, quando mal tinha saído do quartel e foi expulso de casa. Sem perspectivas de trabalho, encontrou 'amparo' na indústria pornográfica, aos 19 anos. “Eu estava muito ruim financeiramente, fui expulso de casa e não tinha nada. Na época eu tinha conhecido uma pessoa, que era minha esposa, e precisava sustentar a casa, mas eu não tinha emprego, não tinha nada. Me chamaram pra fazer um vídeo, falaram que eu receberia R$ 500 por uma cena e que não iria aparecer no Brasil. Fiz quatro cenas e recebi R$ 300. Fui enganado”, recorda.
Na época, Moisés também atuava como acompanhante de luxo. “Nunca fiquei rico com pornô, é impossível. Só consegui me manter com clientes fixos”, afirma o atleta, que confidenciou um romance de longa data vivido com um coronel da aeronáutica, que faleceu neste ano: "Ele conhecia a mãe dos meus filhos, morreu esse ano de câncer, e me sustentou por muito tempo".
Heterossexual, ele conta que sua relação com o trabalho era puramente profissional, e que utilizava substâncias para manter a ereção entre quatro paredes: “Pra mim, mulher é todo dia. Tem quem não acredita, mas não tô nem aí. Eu fazia programa, mas nunca fiz puro, sempre sob uso de alguma coisa. Quando descobri esse lado, eu me afundei. A gente sabe que nesse meio rola drogas. Conheci a droga através de programa”, lamenta.
Durante quase uma década, Moisés Cavalcante havia se afastado da religião. Em sua volta à igreja, e chegou a se tornar pastor evangélico. Contudo, ele afirma ter se decepcionado com a hipocrisia e o julgamento dentro das instituições religiosas, e deixou o ministério há alguns meses. “Quando fingiram que eu estava sendo aceito na igreja, eu comecei a observar que quando eu pregava mais que outras pessoas, eu não subia nos altares grandes por causa do meu passado. A religião é mentirosa, a religião mata”, critica.

Hoje faixa-preta e campeão mundial pelo SJJIF Worlds, torneio anual de jiu-jítsu brasileiro organizado pela Federação Internacional de Jiu-Jitsu Esportivo, o esporte ajudou ele a superar a depressão e uma tentativa de tirar a própria vida. “Foi esse esporte que me tirou da depressão, porque eu quase tentei suicídio depois de ter sido perseguido. Até hoje várias academias não me aceitam, porque acham que eu sou aquele moleque de 19 anos”, confessa.
Apesar dos êxitos positivos, Moisés enfrenta dificuldades para se sustentar apenas com o esporte, e trabalha com a venda de conteúdos adultos. “Hoje eu me sustento vendendo conteúdo adulto na internet. Pago aluguel, três pensões, compro minhas coisas. Não foi religião nem jiu-jitsu que me deram porr* nenhuma”, enfatiza.
Ele mantém um público fiel e diz faturar cerca de R$ 4 mil por mês, com a comercialização de vídeos e fotos diretamente via WhatsApp, na contramão de outras plataformas. “É melhor do que o Privacy. Tenho mais de 300 contatos que já compraram comigo. A pessoa faz o pix, eu mando o conteúdo”, afirma. Sem papas na língua, o ex-ator pornô acrescenta: "Eu deixo bem rasgado, não tenho medo. Se por dinheiro eu precise comer uma bunda, eu vou comer."

A relação de Moisés Cavalcante com a comunidade LGBTQIAPN+ é marcada por dualidades. Mesmo que reconheça o apoio de algumas pessoas, ele relata episódios de desrespeito e assédio constantes, devido a notoriedade alcançada com seus trabalhos antigos, e que já recebeu propostas quentes de apresentadores da Globo, Record e SBT. “Tem muita gente LGBT que não me respeita. Mandam nudes pra mim sem eu pedir, achando que eu gosto. Eu sofro muito assédio sexual. A mesma galera que pede respeito, que levanta bandeira, também não respeita”, diz.
Questionado sobre o que diria ao “Fernando Albuquerque” do passado, Moisés é objetivo: “Eu comecei a passar fome aos 10 anos. Catei latinha, trabalhei como ajudante de pedreiro e em padaria. Quando entrei nesse meio, me afundei. Usei tudo o que se possa imaginar. Eu diria pra aquele garoto: ‘Não faz isso, você vai se arrepender’.”
Atualmente morando na Baixada Fluminense, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Moisés sonha em abrir uma academia de jiu-jitsu inclusiva. "Sonho de ter minha própria academia em que eu possa receber todo tipo de pessoa, com igualdade", pontua. Entre altos e baixos, ele segue com o olhar voltado para o futuro, equilibrando com o passado e o presente.


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