Recifest divulga filmes selecionados para mostra competitiva

Documentário Afronte
Documentário Afronte [Foto: Divulgação]

Recifest – Festival de Cinema de Diversidade Sexual e de Gênero, um dos maiores e mais importantes festivais de cinema com a temática LGBT do Brasil, já tem a lista com os nomes dos filmes selecionados pela comissão julgadora para a mostra competitiva 2018. Dos mais de 150 inscritos, foram escolhidos 26 curtas nacionais. A sexta edição acontece entre os dias 20 e 24 de novembro no Recife, no Cinema São Luiz, e vai ganhar programação posterior, de 04 a 07 de dezembro, em um município do interior do Estado, Nazaré da Mata, localizado a 65 km da capital.

A mostra competitiva traz produções que experimentam novas formas narrativas que buscam os limites entre a ficção e o documentário e destaca os trabalhos que exploram bastante o uso da música. “Na seleção procuramos diversidade em termos de estados, tentando trazer um apanhado de filmes de todas as regiões do Brasil, e procuramos fazer com que a presença de realizadoras fosse marcante, assim como não só personagens negros, mas também realizadores negros”, afirma o presidente da comissão, o cineasta André Antônio.

Ele destaca ainda, nos filmes selecionados, a presença de vários tipos de dissidências sexuais. “Não ficamos apenas na questão do gay e da lésbica, como normalmente nos festivais LGBT, mas a gente tentou contemplar outras formas de habitar o mundo que são mostradas em várias produções”, explica.

Os filmes inscritos irão concorrer numa das seguintes categorias: “Produção Pernambucana”, para filmes realizados dentro do Estado, com empresa produtora e diretores locais, e “Produção Nacional”, para filmes realizados em todo o território brasileiro, incluindo Pernambuco. Eles concorrerão aos troféus Rutílio de Oliveira e premiações em dinheiro. O festival ainda contempla outros prêmios, como o Mistika, com mais R$ 9.000 em serviços para diretores e produtores; e o Looke, que escolherá três filmes que participarão da plataforma de streaming por dois anos, de forma remunerada.

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O público também poderá votar para escolher suas obras favoritas através de um formulário que será entregue nos dias de exibição dos filmes. Os vencedores de cada uma das categorias na votação popular também receberão troféus e prêmio em dinheiro.

Realizado pela Panela Produções Artísticas, Casa de Cinema, e com incentivo do Funcultura, do Governo de Pernambuco, o Recifest tem programação totalmente gratuita e traz ainda as mostras Diva, com filmes de animação, e a Mostra Internacional. São produções premiadas e vindas do Brasil e de vários países, todos inéditos no Recife. As duas mostras terão sua programação anunciadas no início de novembro.

“Além de promover as obras audiovisuais, o festival ainda busca trazer dentro da programação uma série de eventos como performances, oficinas, debates e mostras em comunidades, escolas e presídios. O cinema é ferramenta fundamental na desconstrução da LGBTfobia, machismo, misoginia e qualquer outro sistema de opressão”, explicam as produtoras do festival, Rosinha Assis e Carla Francine.

 

Curtas selecionados para o VI Recifest

Wonderfull – meu eu em mim (Dário Jr.) – Documentário, 20’, 2016, AL – LIVRE

Nem sempre os começos são felizes, mas isso não importa para Natasha Wonderfull, pois ela sabe que o que a define são suas escolas e quem deseja ser.

Não é Só Isso (Yasmin Rocha) – Documentário, 25’, 2018, BA – 10 ANOS

“Não é só isso” é um filme sobre Nahla, mulher transexual, militante e mais conhecida por mim como amiga. Funciona como um espaço para ela dizer o que pensa e como se sente sobre a existência.

Renan (Heloísa Bastos e Renan Santos) – Documentário, 5’,2017, BA – LIVRE

Ela não, ELE!

Aqueles dois (Emerson Maranhão) – Documentário, 15’, 2018, CE – 12 ANOS

Não tem ainda – filme em finalização

Caio José tem 25 anos e é enfermeiro, Kaio Lemos tem 38 e é pesquisador acadêmico. Eles têm boa formação intelectual, amigos, família e em nada se diferenciariam dos tantos rapazes que vivem realidades similares não fosse pelo fato de serem homens transgêneros, condição determinante para os rumos que tomaram suas vidas.

Boca de loba

(Bárbara Cabeça) – Ficção, 19’, 2018, CE – 12 ANOS

Pressões assediadoras das ruas. E um grupo de mulheres procura pela invocação de um espírito selvagem urban

Onde mora o afeto

(Josianne Diniz) – Documentário, 16’27”, 2018, DF – 12 ANOS

Dandy e Danilo são namorados e moradores do Sol Nascente, bairro periférico de Brasília. A narrativa tem como fio condutor o relacionamento entre eles, em que é possível perceber pertencimentos, inseguranças, descobertas e desencontros. Este documentário retrata o dia a dia desses jovens que constroem afetos e a si mesmos.

Afronte (Bruno Victor e Marcus Azevedo) – Experimental, 15’, 2017, DF – LIVRE

Ficção e documentário se cruzam para mostrar o processo de transformação e empoderamento de Victor Hugo, um jovem negro e gay, morador da periferia do Distrito Federal. Seu relato se mistura aos depoimentos de outros jovens, cujas histórias revelam diferentes formas de resistência, encontradas em discursos de valorização do negro gay.

Lilith (EdemOrtegal) – Ficção, 20’, 2018, GO – 18 ANOS

Lilith teria sido a primeira mulher da humanidade, mas foi expulsa do paraíso e amaldiçoada para sempre por se opor ao sistema patriarcal do reino dos céus. Agora ela está de volta, com seus servos e sua sede de vingança para destruir a ordem criada por Deus e pelo Diabo.

Sr. Raposo

(Daniel Nolasco) – DOC/FIC 20’, 2018, GO – 18 ANOS

Em 1995 Acácio teve um sonho, ele andava de mãos dadas com um homem e uma mulher por um campo todo verde.

Iara (Cássio Pereira dos Santos e Erika Pereira dos Santos) – Ficção, 16’, 2018, MG – LIVRE

Bárbara (31) vive com a filha Diana (6) no interior de Minas Gerais. Quando chega o final de semana, mãe e filha pegam a estrada e fazem um piquenique às margens de uma represa. Aos poucos, o que parece um passeio qualquer revela-se um reencontro delicado. Um cotidiano perdido tenta se reconstruir no silêncio da mata.

Inconfissões (Ana Galizia) – Documentário, 20’, 2017, RJ – 16 ANOS

Luiz Roberto Galizia foi uma figura importante para a cena teatral nas décadas de 1970 e 1980. Foi, também, um tio que não conheci. Este documentário procura um resgate do vivido, a partir do registro feito em fotografias e filmes super8 pelo tio Luiz e encontrado por mim 30 anos depois da sua morte.

Latifúndio (Érica Sarmet) – Experimental, 11’, 2017, RJ – 18 ANOS

O corpo não é apenas matéria, mas uma contínua e incessante materialização de possibilidades.

Sam (Miguel Moura e Julia Souza) – Ficção, 8’30”, 2017, RJ – 14 ANOS

Julia quer implodir

BR3 (Bruno Ribeiro) – Ficção, 20’, 2018, RJ – 14 ANOS

Kastelany chega na casa da Luciana. Mia se prepara para sair à noite com suas amigas. Dandara transa com Johi pela primeira vez.

MC Jess (Carla Villa-Lobos) – Ficção, 20’, 2018, RJ – 16 ANOS

Jéssica tem que enfrentar o preconceito cotidiano. Encontra na arte uma forma de se expressar e superar suas inseguranças.

Jéssika

(GalbaGogóia) – Ficção, 18’44”, 2017, RJ – LIVRE

Jéssika é uma travesti. Anos depois de deixar o interior do Nordeste, retorna para sua cidade natal. Ela reencontra sua história e a si mesma.

Verde limão (Henrique Arruda) – Ficção, 17’45”, 2018, RN – 16 ANOS

Prestes a entrar no palco pela última vez, uma veterana Drag Queen revisita todas as cicatrizes que formam o seu carnaval.

A cidade das meninas (Paola Favaro) – Documentário, 20’36”, 2017, SP – 16 ANOS

O Jardim Itatinga foi criado nos anos 70, durante a ditadura militar, a fim de afastar toda a prostituição para fora do centro de Campinas (SP). O bairro se tornou uma das maiores zonas de prostituição da América Latina, aonde mais de mil mulheres trabalham em menos de 10 ruas. “A cidade das meninas” retrata essa dinâmica particular através das histórias e depoimentos que ali se entrecruzam.

Estamos todos aqui (Chico Santos e Rafael Mellim) – Ficção, 19’, 2017, SP – 14 ANOS

Rosa nunca foi Lucas. Expulsa de casa, ela precisa construir seu próprio barraco. O tempo urge enquanto um projeto de expansão do maior porto da América Latina avança, nãosó sobre Rosa, mas sobre todos os moradores da Favela da Prainha.

Desyrrê (Direção Coletiva) – Documentário, 12’08”, 2018, PE – LIVRE

Dos caminhos, dos rumos, destinos e desatinos percorridos e das (re)existências pelo Sertão do Pajeú, a força da Desyrrê nos inspira! Mulher sertaneja de pulso firme se faz poesia entre nós, tem uma vida/morte severina transgressora, com brilho nos olhos, vaidade para abraçar o melhor da vida e garra para enfrentar seus medos, os preconceitos e as adversidades. Seu salto alto lhe empodera e do alto dele ela reina absoluta, é divina, diva apoteótica, prece subversiva, oração em forma de prosa.
Ser um corpo dissidente, um corpo, um corpo marcado por territórios minados no Oásis do Sertão é uma luta diária por reconhecimento e visibilidade mais assídua. Desyrrê vivencia na pele esse resistir e persistir em sua trajetória. Desyrrê, é pele, derme, epiderme, carne sacra, carne viva que transborda, é fluxo, travessia, rio que corre em nossa aorta…

Transitar (Juliabe Balbino) – Experimental, 3’09”, 2018, PE – LIVRE

Encontro. Transcender as percepções no contato entre corpos discidentes e marginalizados, transpassando dimensões do tempo-espaço enquanto transita nas ruínas do passado. Veio, foi, será. Permanecerá contínua…

Quanto craude no meu sovaco (Duda Menezes e Fefa Lins) – Experimental, 3’40”, 2017, PE

– 18 ANOS

Todo mundo tem algo pra falar sobre o meu sovaco. Que craude!

Superpina (Jean Santos) – Ficção, 20’, 2017, PE – 16 ANOS

Entre prateleiras e estoques, clientes e funcionárixs de um pacato supermercado irão experimentar o “Amor Primo”.

Vendo (João Vigo) – Ficção, 19’ ,2018, PE, 14 ANOS

Suzana quer vender o sítio para ir morar na cidade. Antônio, seu marido, não. O comprador chega e é recebido muito bem por ambos.

Tesão de vaca (Núbia la Nena Callejera) – Videoarte, 2’, 2017, PE – 14 ANOS

Um deputado do estado de Pernambuco propõe um projeto de lei que impede qualquer expressão artística de “conteúdo pornográfico”. É quando uma criatura híbrida invade uma das sessões ao vivo da câmara. Nem homem, nem mulher, nem vaca, a criatura não-humana destruiu o falo como autor do prazer e sujeito do desejo, para encontrar na sua comida antiespecista alimentação para outro orifícios. O resultado é a arma mais potente contra o heterocapitalismo: seu gozo anti humanista.

Bala perdida (Sylara Silvério) – Videoarte, 4’22”, 2017, PE – LIVRE

Uma dispara sem querer. Outra é pega sem saber. Existir é um tiroteio, e os olhos são as armas. Mulheres, urbanas, negras, lgbt’s e periféricas são alvos móveis todo dia. Mas quando só os olhos atingem sobra vida pra contar a história. E onde há vida há desencontro, porque, além de tudo, elas são comuns. Só que resistem.

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