Após dois anos afastada dos palcos, a cantora Maria Gadú retorna em nova turnê. Em entrevista exclusiva ao jornal O Globo, o ícone da comunidade lésbica abriu o jogo sobre sua depressão e sua proximidade com as causas sociais.
O hiato veio depois de dois anos seguidos em turnê com “Guelã”, seu disco anterior. Após o longo período performando as mesmas canções – bem como as quase duas décadas de carreira na música popular brasileira – Gadú precisava de um tempo para si e para novas experiências. Em 2017, também se casou em segredo com a namorada, Lua Leça.
“Queria ouvir outras coisas. Também queria espaço para estudar mais a fundo antropologia, que estudo desde 2014. Porque a história eurocentrista do Brasil não conta nossa história, minha origem indígena.” Conta.
O período também foi crucial para que ela enfrentasse a depressão. “— Eu comecei a lidar muito mal com o que vinha de fora, tudo me abalava muito. Não tava me sentindo pronta pra fazer isso que tô fazendo agora ( turnê, discos ). Eu precisava estar mais preparada. Durante a turnê, já fui direto do hospital fazer show.” Desabafou ao jornal.
Para o próximo trabalho, Maria Gadú revela que será um álbum de faixas inéditas, com forte influência da cultura indígena. “Tem línguas brasileiras, tem melodias indígenas, coisas que aprendi nas aldeias.”
Sobre o futuro, a cantora afirma que tem esperança em um despertar positivo para o cenário do país: “Vai piorar ainda, mas vai ter um despertar. Muitas pautas foram levantadas. Podem me chamar de utópica, haribô da MPB homossexual (risos )… Mas acredito num despertar.”