Há seis meses vivendo na Alemanha, após receber intensas ameaças de morte, o ex-deputado federal Jean Wyllys revelou que tem passado por bons momentos em Berlim, no entanto, lamentou os tempos difíceis do Brasil.
Em entrevista à revista GQ Brasil, Jean relembrou seus dias de luta que passou logo após a morte de Marielle. Segundo ele, as ameaças de morte chegaram a ser diárias e até por meio de telefone pessoal
“Não podia continuar no país e faço questão de dizer para as pessoas que isso se deu por causa das ameaças que chegavam por telefone, por e-mail, pelas redes sociais, mas também pelas agressões que o cidadão comum fazia contra mim. É uma experiência dolorosa demais você deixar um lugar que é seu, em que você viveu toda a vida, porque sua permanência ficou insustentável”, afirmou.
“Essa recente avalanche de fake news contra mim despertou uma nova onda de ameaças de morte. Então, tenho certeza de que fiz a coisa certa. Não posso voltar para o Brasil nem para passar férias, nem para ver minha família. Falo com a minha mãe quase todo dia e a grande angústia dela – e também a minha – é saber se vou voltar antes dela morrer”, confessou.
Jean ainda fez uma reflexão sobre como as pessoas tratam as minorias, sem olhar para as situações com empatia. “Existe uma face de nós que estava recalcada. Que nação é essa que se incomoda com o fato de que as famílias pobres recebam 70 reais por mês através do Bolsa Família, que chama de bolsa-vagabundo um valor que tanta gente gasta numa única noite num bar?”, contou ele, que ainda se sente otimista quanto a situação política brasileira.