Transfobia! Travesti tem 50% do corpo queimado no Rio

A travesti Jéssica Pereira sofreu uma tentativa de homícidio durante um falso programa
A travesti Jéssica Pereira sofreu uma tentativa de homícidio durante um falso programa (Foto: Reprodução/Instagram)

A travesti Jéssica Pereira, de 23 anos, sofreu uma tentativa de homicídio dentro de um quarto de hotel, na madrugada da última sexta-feira (11). Além de ser asfixiada, ela teve 50% do corpo queimado, após arder em chamas dentro de um quarto do hotel Alcântara, localizado em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro.

A jovem que é garota de programa entrou no estabelecimento acompanhada de um rapaz, que a procurou como se estivesse interessado em seus serviços. Porém, minutos depois que os dois adentraram uma das suítes do hotel, outros hóspedes perceberam que o comodo estava pegando fogo, e logo chamaram a polícia.

O caso foi registrado na 74ª DP de Alcântara. Ainda na sexta, a polícia civil identificou o suspeito de ser o autor do crime, Fábio Barreto da Silva, de 23 anos, que já tem passagem na justiça por tráfico e roubo.

Além de ter metade do corpo queimado, Jéssica também teve sua orelha esquerda dilacerada. Em entrevista para o jornal Extra, a travesti disse que ainda busca entender os motivos para que a agressão tenha acontecido, e que está repensando e continuará a viver a sua identidade de gênero.

“Não vou mais fazer isso, de ser travesti. Eu me esforçava demais para ser, mas era muito difícil. Ainda é. Eu insistia para poder trabalhar, para ganhar dinheiro. Mas agora vou ser ‘gay boy”, afirmou. “Para mim, a prostituição nunca foi digna. Eu vou trabalhar com algo digno, vou voltar a estudar”, pontuou ela que parou os estudos na 8ª série do ensino fundamental.

Leia Mais:

Ex-funcionária, Mulher trans processa a Amazon por transfobia

Número parcial de mortes LGBTs em 2017, já ultrapassa registro total de 2016

Para o especialista em gênero e sexualidade, Well Castilhos, a reação de Jéssica é natural devido a violência sofrida ser tão recente. “É natural que a vítima, sob o efeito da violência e do trauma, repense sua identidade por se sentir culpada. Isso pode acontecer não somente com uma pessoa trans em situação de violência, mas com qualquer pessoa. Mas seja qual for sua decisão, ela deve ser apoiada”, disse ao jornal.

Em entrevista ao jornal São Gonçalo, a irmã da vítima, Joice Pereira, de 28 anos, espera agora por justiça. “Ela lutou pela vida no hospital e só vamos ter sossego quando ele for preso. A justiça está próxima de ser feita e é isso que a gente espera, que minha irmã fique bem e que ele volte para a cadeia”,

Jéssica está internada no Hospital Estadual Alberto Torres no Colubandê, a quatro quilômetros do hotel onde sofreu a tentativa de homicídio. De acordo com a unidade o quadro dela é estável.

Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais antigos
mais recentes
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários