Verão aumenta os riscos de infecção por ISTs e HIV/Aids, diz especialista

HIV (Foto Ilustrativa)

O verão chegou e, com ele, o período em que os eventos não param: festa de fim de ano da firma, Natal, Réveillon, Carnaval – ocasiões em que nos sentimos mais livres e abertos para dançar, curtir, emendar praia com noitada… enfim, viver uma liberdade plena e sem julgamentos.

Não à toa, o Ministério da Saúde intensifica as campanhas sobre uso de preservativos durante o período. Nos últimos anos, o foco tem sido os jovens, grupo que o ministério vem constatando ter pouco hábito de usar preservativo e, logo, são os que apresentam o maior índice de contágio pelo HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

“Pensando em festas de fim de ano, onde sabemos que há um aumento no consumo de bebidas alcoólicas e, entendendo o álcool como substância psicoativa, que diminui o senso crítico e a censura, é comum as pessoas terem alterações comportamentais, o que faz com que elas acabem tendo atitudes que talvez não tomassem se não estivessem embriagadas”, analisa Gabriela Henrique, psicóloga especialista em dependência química. 

“Então, com essa alteração cognitiva, é frequente as pessoas terem um comportamento menos crítico e optar pelo não uso de preservativos, o que pode levá-las a contrair as ISTs”.

Além da camisinha feminina e masculina, hoje é disponibilizado a PEP (profilaxia pós-exposição) gratuitamente pela rede pública do país inteiro: clínicas da família, postos de saúde e UPAs.

Muitas pessoas acham que a PEP é somente para violência sexual, mas não. Ela deve ser disponibilizada para toda e qualquer pessoa que tenha se exposto de forma desprotegida, desde que seja maior de 14 anos (abaixo dessa idade eles devem estar acompanhados de responsável)”, revela Isis Cameron, infectologista da Clínica VIBESS.

É importante que, em caso de relação desprotegida, a pessoa procure, em até 72h, um posto que disponibilize a PEP. Isis ressalta que esse é o tempo limite, sendo que o mais indicado é que a PEP seja utilizada o mais rápido possível. Após essas 72h, a eficácia do medicamento em prevenir a infecção é zero. Após o exame de detecção de HIV ter dado negativo (realizado através de teste rápido), a pessoa recebe o medicamento, que será utilizado durante 28 dias. Caso o paciente seja diagnosticado com o vírus no momento do atendimento, a abordagem será outra.

Apesar de diferentes métodos de prevenção ao HIV/Aids, pouca gente os conhece. A falta de debate dentro de casa, nas escolas e na TV refletem que pouco se conhece sobre as formas de se prevenir.

“Hoje em dia o sexo casual é muito mais expressivo do que já foi. Existe uma infinidade de aplicativos que são exclusivamente para encontros sexuais sem compromisso. Por isso, muitas vezes as pessoas abrem mão do preservativo, acreditando que estão numa relação sem qualquer tipo de envolvimento”, analisa Isis.

E complementa: “é importante ressaltar que não se pode negar atendimento e disponibilidade da PEP em nenhum caso, seja de sexo consentido ou não. A gente orienta que a pessoa procure uma delegacia, mas não pode negar atendimento na falta de um boletim de ocorrência por se tratar de uma urgência médica”.

Números do HIV/Aids no Brasil e no mundo

De acordo com dados da UNAIDS, 37 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo. Entre 1980 e 2018, 1 milhão de pessoas se infectaram no Brasil. Em cinco anos (entre 2012 e 2017) houve um aumento de 140% no número de novos casos de HIV/AIDS entre jovens com menos de 25 anos. O número de casos de sífilis aumentou em 2.000% nos últimos seis anos e houve 206 mortes causadas pela doença, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), em pesquisa divulgada em 2018.

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