Sem deixar o humor de lado e disposta a sensibilizar as pessoas a partir de sua própria história, Nany People divertiu e conscientizou a população mesquitense na tarde desta segunda-feira (27).
A atriz foi a homenageada especial da roda de conversa “Representatividade Trans nas Mídias e nos Espaços Públicos”, promovida pela Coordenadoria Municipal de Diversidade Sexual. O evento aconteceu no Centro Cultural Mister Watkins, no Centro de Mesquita. Um palco que pareceu ter sido escolhido a dedo para o bate-papo.
“Sem discussão, não há progresso. E sem progresso, não há cultura. A cultura é a melhor base de aceitação e até de defesa de qualquer pessoa. É a única coisa que ninguém pode tirar de nós”, frisou Nany, diante de uma plateia de cerca de 200 pessoas.
A ação foi uma forma da Secretaria Municipal de Assistência Social de Mesquita homenagear o Dia Nacional da Visibilidade Trans. A data é comemorada em 29 de janeiro, mas Nany mora em São Paulo e só tinha espaço na agenda para a participação na roda de conversa nesta segunda.
“Desde que começamos a organizar essa roda de conversa, não conseguimos imaginar outra pessoa. A Nany é uma referência para a população trans e isso não é de hoje. Ela não tinha apenas o espaço entre os famosos, mas também abria portas para debates importantes. Ficamos em êxtase e, principalmente, muito agradecidos quando ela aceitou o convite”, explica Paulinha Única, mulher trans de Mesquita e representante do governo na Coordenadoria Municipal de Diversidade Sexual.
Com mais de 20 anos de carreira na TV, Nany participou de uma das principais conquistas da população trans no ano passado. Na verdade, foi em dezembro de 2018 que ela começou a aparecer em O Sétimo Guardião, novela da Globo, como a trans Marcos Paulo.
“Para nós, as trans que já não são tão novinhas, foi um grande marco”, valoriza Paulinha Única, que tem 53 anos. Na época, no entanto, o nome masculino desagradou alguns telespectadores.
“Interpretei uma trans que era química e poliglota. Ela vivia com livro na mão, estudando, então eu achava um avanço incrível. Principalmente para quem começou sendo chamada de drag queen, já que não se usava o termo ‘trans’. Mas teve gente que preferiu prestar atenção só no nome da personagem”, lamenta Nany.