Numa entrevista à apresentadora Mariana Godoy, a cantora e ativista LGBT Daniela Mercury afirmou que teme viver no Brasil. A artista explicou que não acredita que estejamos vivendo em uma democracia plena e comparou a atual situação do país à ditadura.
“Eu tenho medo do pais em que eu estou vivendo. É uma sensação de que a gente não é escutado como cidadão, apesar dos poderes estarem ali, aparentemente a democracia está posta, a sensação é exatamente a que eu tinha quando era menina e estava na ditadura, o finalzinho da ditadura”.
No bate-papo exibido no programa Mariana Godoy entrevista, a cantora explicou que a sensação de estar vivendo em uma ditadura acontece por causa do autoritarismo do Estado que decide em quem deve aplicar a lei, deixando o cidadão sem poder sobre seu próprio país.
“A lei não serve a todos, mas serve de acordo com o que o governo decide, com o que a polícia decide. Quando eu era pequena, eu tinha medo do guarda que apitava na esquina para tomar conta dos carros de madrugada, sei lá, para tomar conta das casas, o vigia. Por que? Porque a polícia não era confiável. Eu não estou dizendo, pelo amor de Deus, que a gente não tem instituições confiáveis, nem estou dizendo que a polícia não é confiável hoje, não é isso. Eu estou dizendo que a sensação é uma sensação de insegurança, para mim. Essa derrubada de uma presidente eleita, foi constrangedor, tudo isso foi muito constrangedor. Essa sensação de que o Parlamento não respeita o desejo do povo, de que as pessoas estão lutando por interesses próprios, essa é a sensação que eu tenho”.
No programa, a artista respondeu uma pergunta provocativa de um internauta, que quis saber ‘se a cantora é heterofóbica’. Segundo ele, Daniela faria parte de um grupo ‘LGBT’ que defenderia privilégios e não igualdade entre cidadãos héteros e LGBTs.
“Eu sou gay? Sou. Eu fiquei diferente? Eu sou outra pessoa [diferente] da que vocês conheceram quando eu estava casada com homem? Gente, o ser humano não se distingue por características como a sexualidade, como a religião, como a cor da pele, a não ser pela beleza, pela individualidade. Todos nós somos tão diferentes”.
A artista continuou: “Quando eu luto pelas questões LGBT – e já lutava antes de estar casada com uma mulher, porque eram questões da humanidade, questões minhas, questões de gente que precisava de cuidado, que não era respeitada – todas as pessoas têm direito a viver, pagar seus impostos, viver nas cidades, nos países onde a gente conhece nesse planeta e ter sua individualidade respeitada, seja lá qual for. Esse é o primeiro artigo da Declaração dos Direitos Humanos, que tem mais de 60 ano.