O cancelamento da exposição Queermuseu – Cartografias da diferença na arte brasileira, em cartaz desde o dia 14 de agosto, não só repercutiu no Brasil como também internacionalmente. Vários sites no exterior comentaram o fechamento antes do tempo da mostra realizada pelo Santander Cultural, em Porto Alegre, que foi encerrada no último domingo (10), sendo que a data original era 8 de outubro.
O fechamento precoce aconteceu após grupos liderados pelo Movimento Brasil Livre (MBL) organizarem protestos contra a exposição, acusada de blasfêmia e incentivar práticas como a zoofilia e a pedofilia em suas obras.
O jornal britânico “The Guardian” classificou o episódio como uma “tempestade sobre liberdade artística e censura irrompeu no Brasil”, além de afirmar que o cancelamento foi fruto de uma “campanha da extrema direita.” Alegando ainda que o MBL é apoiado por cristãos evangélicos.
Já o norte-americano “The New York Times” destacou a nota publicada pelo Santander Cultural e o movimento de críticos que pedem para que os organizadores devolvam os R$ 800 mil ao governo, já que a exposição foi concretizada através de incentivos da Lei Rouanet.
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O “The Washington Post” também ressaltou o pedido dos contrários a mostra, que exigem a devolução do incentivo e cita o protesto convocado por apoiadores, que acham o cancelamento uma afronta a liberdade de expressão.
Com curadoria de Gaudêncio Fidelis, a seleção contava com 270 obras em diferentes formatos para abordar a temática sexual, que mesclavam trabalhos abstratos e explícitos, assinados por 85 artistas, dentre eles: Adriana Varejão, Cândido Portinari, Ligia Clark, Yuri Firmesa e Leonilson.
No domingo, o espaço cultural divulgou uma nota comunicando o fechamento da exposição. “Ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição ‘Queermuseu’ desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo”, dizia o texto.