Hoje é 12 de junho, Dia dos Namorados. Não que eu acredite que o amor precise de uma data marcada no calendário para ser celebrado. Amar alguém, estar com quem se ama, levar ao cinema para ver um filme cult e depois dividir um jantar em um restaurante coreano. Tudo isso pode ,e deve acontecer em qualquer dia, sem necessidade de rótulo ou ocasião especial.
Ainda assim, hoje me peguei pensando nela. Na menina ruiva que ainda não encontrei, mas que quero encontrar. Aquela com quem eu gostaria de dividir a poltrona do cinema, os silêncios cheios de significado e talvez até um bibimbap bem apimentado.
Enquanto ela não chega, escolhi assistir Carol, um filme que sempre me atravessa de um jeito bonito. E com Cate Blanchett no elenco .Sou suspeita para falar, porque sou fã assumida ,e tudo fica ainda mais especial.
Ela é linda, intensa, e atua com uma elegância que toca a gente por dentro.
Carol é daqueles filmes que merecem ser vistos, namorando ou não. Porque fala de amor com uma delicadeza que não depende de data, nem de companhia. É sobre sentir. E isso, no fim das contas, é o que mais importa.
Carol é um filme de drama e romance de 2015, dirigido por Tood Haynes e baseado no livro: The Price of Salt, de Patricia Highsmith. Com roteiro de Phyllis Nagy.
O filme “Carol” (2015) foi amplamente aclamado pela crítica e recebeu mais de 70 prêmios ao redor do mundo, além de centenas de indicações. Apesar de ter sido esnobado em algumas das principais categorias do Oscar, ele teve um desempenho notável em outras premiações.
Na Nova York cinzenta e contida dos anos 1950, onde as convenções sociais sufocam desejos e os olhares precisam sussurrar o que os lábios não ousam dizer, desabrocha uma história de amor tão bela quanto perigosa. Carol é o retrato delicado e profundo do encontro entre duas almas femininas que, por acaso ou destino, cruzam seus caminhos em meio ao frio impessoal de uma loja de departamentos.
Carol Aird (Cate Blanchett), envolta em elegância e silêncios, é uma mulher que carrega nas roupas bem cortadas e no olhar distante o peso de uma vida moldada por expectativas esposa, mãe, respeitável. Therese Belivet (Rooney Mara), por sua vez, é como um botão prestes a se abrir, uma jovem introspectiva que observa o mundo com a sensibilidade de quem ainda procura seu próprio reflexo. Quando seus mundos colidem, algo se acende tênue, sutil, mas impossível de ignorar.
É um amor que floresce em terreno árido, onde cada passo adiante desafia o moralismo sufocante da época. Nos anos 1950, amar alguém do mesmo sexo era mais do que um escândalo , era uma ameaça à ordem, um pecado inominável.
E para Carol, que carrega nos braços a responsabilidade por uma filha, o risco é ainda maior. Nesse tempo de sombras, o sentimento não pode ser declarado ,ele é sugerido.
É um amor que se esconde nos detalhes: no toque hesitante, no silêncio partilhado, nos olhos que se encontram por tempo demais.
Todd Haynes, com sua mão precisa e coração sensível, constrói essa narrativa como quem borda à mão um véu delicado: ponto por ponto, cena por cena, ele deixa que o sentimento tome forma sem pressa, respeitando os silêncios, os vazios e os pequenos gestos que dizem mais do que qualquer palavra. É uma dança silenciosa entre duas mulheres que se descobrem e, pouco a pouco, se permitem sentir até que o desejo, antes contido, transborde em entrega.
O que sustenta essa história, além do texto e da direção, são as interpretações arrebatadoras de suas protagonistas. Cate Blanchett veste Carol como uma segunda pele.
Sofisticada, enigmática, mas com fendas por onde escapa uma vulnerabilidade comovente. Rooney Mara é puro mistério e doçura, revelando em uma força suave que se revela a cada instante. Juntas, elas criam uma química rara, onde o poder de sedução se alterna, se mistura, se dissolve , não há quem domina, apenas duas mulheres que, à sua maneira, se permitem ser tocadas e transformadas.
Esteticamente, Carol é uma carta de amor à elegância de uma era. A fotografia, com seus tons suaves e luz melancólica, emoldura cada cena como uma pintura nostálgica. Os figurinos, a direção de arte e a trilha sonora de Carter Burwell costuram esse mundo com esmero, criando uma atmosfera onde até o silêncio carrega peso e beleza.
A direção de arte imersiva transportam o espectador para os anos 1950 com autenticidade e beleza.
Mais do que um romance, Carol é uma reflexão sensível sobre o amor em tempos de opressão. É um filme que emociona não apenas pela paixão das protagonistas, mas pelo retrato honesto das limitações impostas por uma sociedade que não sabia ou não queria compreender. Um verdadeiro retrato da resistência do amor diante do silêncio forçado.
Carol é um sussurro de resistência. É sobre amar quando amar é proibido. Sobre sentir quando tudo ao redor exige frieza. É um filme que fala da coragem de viver um sentimento verdadeiro mesmo em meio à tempestade de preconceitos. Um amor que não grita, mas que, justamente por isso, ecoa ainda mais fundo.
Cultivemos nossas ilhas !! Eu sinto !!
Silvia Diaz , é Atriz, Performer, Dramaturga e Roteirista. Estudou interpretação Teatral(Unirio). Graduada em Produção Audiovisual(ESAMC). Dramaturgia ,SP escola de Teatro. Apenas uma Artista que vende sonhos em dias cinzentos.E quando os dias não os dias não forem tão trevosos, ainda assim continuarei a vender meus sonhos!! Cores, abraços, afetos, lua em aquário. Fluindo . Cultivando minha Ilha.. Eu Sinto…