MÚSICA

Nora Ney: a primeira diva pop cultuada pela comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil

A cantora Nora Ney.
A cantora Nora Ney.

Nora Ney foi uma das maiores cantoras da era de ouro do rádio no Brasil e, ao gravar a canção “Preconceito” de Antônio Maria e Fernando Lobo, passou a ser reverenciada como a grande diva da comunidade LGBTQIAPN+ devido ao enorme sucesso que a canção fez entre os membros da comunidade.

A cantora Nora Ney tem uma das histórias mais incríveis, entre as muitas que podemos encontrar na música popular brasileira.

Iniciou sua carreira cantando em inglês, pois, devido à sua dicção bem peculiar, não se achava preparada para entoar nada em português.

Até que o cantor, compositor e radialista Almirante a convidou para cantar na Rádio Tupi o repertório de Noel Rosa, pois a “cantora oficial das canções de Noel”, Aracy de Almeida, estava em férias.

Foi a partir deste momento que Nora Ney começou a trilhar sua exitosa carreira musical.

Em 1952, Nora Ney grava seu primeiro disco e, neste mesmo ano, aquele que seria um de seus maiores sucessos: “Ninguém Me Ama”, composição de Fernando Lobo e Antônio Maria.

Devido ao estrondoso sucesso desta canção, Nora Ney conquistou o primeiro disco de ouro da história da fonografia brasileira.

Esta canção de enorme sucesso chegou a ser gravada anos mais tarde pelo cantor e pianista norte-americano Nat King Cole, grande nome do jazz, que conheceu a faixa quando viajou ao Rio de Janeiro, alguns anos depois da gravação de Nora.

Em 1953, Nora Ney grava a antológica canção “Preconceito” de Antônio Maria e Fernando Lobo, que se torna um grande sucesso no Brasil, em especial, na comunidade LGBTQIAPN+, que transformou esta canção num hino e elevou Nora ao posto de grande diva da comunidade.

Em 1955, Nora Ney grava “O Que Vai Ser de Mim”, uma das primeiras canções de Tom Jobim, que também fez arranjos musicais para ela no início de carreira.

No mesmo ano, Nora grava “Rock Around The Clock” de Max C. Freedman e James E. Myers, tornando-se, por esta razão, a primeira cantora a gravar rock no Brasil.

Depois de anos vivendo um relacionamento abusivo, Nora Ney decide se desquitar de seu marido.

Anos mais tarde, Nora passa a viver com o grande amor de sua vida, o cantor Jorge Goulart, outra estrela da era de ouro do rádio.

Em 1961, Nora Ney participa do disco “O Povo Canta” do Centro Popular de Cultura da UNE. Neste disco compacto, Nora emprestou sua voz à canção “João da Silva” de Billy Blanco.

Depois do golpe militar de 1964, Nora Ney e Jorge Goulart tiveram que se exilar na extinta União Soviética, pois, como é de conhecimento geral, houve a partir do golpe uma cruzada contra os militantes comunistas no Brasil e tanto Nora quanto Jorge eram filiados ao Partido Comunista Brasileiro.

Nora Ney foi uma cidadã muito a frente do seu tempo e teve uma importância imensa tanto pra música quanto pra democracia brasileiras.

Sua história é inspiradora e absolutamente original.

Viva, Nora Ney!