Fragilidade é uma circunstância que favorece a ideia de autoextermínio. A teoria interpessoal do suicídio propõe que há uma capacidade individual de vencer o medo da própria morte. Esta capacidade pode ser aprimorada com o passar do tempo. A decisão por encerrar um sofrimento insuportável através da autoeliminação é resultado do somatório de diferentes fatores. São eles: a capacidade de vencer o medo da morte; o desejo de usar este recurso para parar de sofrer; a exposição continuada a fatores que provocam dor e medo.
O discurso antitrans usa da ideia de proteção da vida das crianças como justificativa. Afinal, uma suposta inocência (alguém pode definir isso?) infantil é ameaçada pelo conhecimento de que há pessoas onde a genitália não está de acordo com sua percepção de gênero. Nos EUA este tipo de raciocínio pode subsidiar diversas leis antitrans. Por exemplo:
- limitação do acessoa a cuidados de saúde para uso do apoio hormonal à adequação social do gênero
- proibição da participação em competições esportivas escolares
- proibição do uso de banheiros segundo gênero declarado
Esta leis somente são compreendidas pelas pessoas trans como a rejeição social à sua existência. Como a sua existência uma ameaça a felicidade das pessoas não trans. Como suas vidas indignas de cuidados médicos e de proteção social. E, quando nas escolas, como pessoas para as quais a educação e a sociabilidade não são necessárias.
É uma situação que merece estudo científico qualificado: pessoas impondo a outras o seu não direito à vida em função de características pessoais que não dizem respeito à sociedade, apenas a elas. Por que tanto ódio? Por que tanto nojo?
A suposta defesa das crianças cria dois grupos: as que são uma ameça e as que são ameaçadas. As crianças e adolescentes trans representariam uma ameaça àquelas que não são trans. Só não foram encontradas, até agora, quais elas são. E esta defesa das supostamente ameaçadas custa a vida das primeiras.
Não é somente no quesito da qualidade de vida. Estatisticamente está bem demonstrado que preconceitos induzem a depressão, a redução do autocuidado, ao evitamento dos serviços de saúde, dentre outros. O que um estudo recentemente publicado sugere é que a existência de leis antitrans aumenta a ideação suicida de adolescentes trans.
A equipe de pesquisa trabalhou o seguinte cenário. Ao final de 2.023, 84 leis estaduais antitrans foram aprovados naquele pais. Aumento de 300% em ao ocorrido um ano antes. E ela encontrou um incremento entre 7 e 72% de tentativas de suicídios entre adolescentes em função do impacto mental, emocional e social sobre elas.
Leis que matam para supostamente proteger de uma ameaça que não existe. E querem fazer o mesmo no nosso pais…