Jogos digitais estão presentes de maneira fácil: celulares, tabletes, computadores e TVs “smarts”. Eles são produto de uma sociedade padronizada pela cisgeneridade (dois gêneros) e heteronormatividade (afeto apenas entre pessoas de gêneros diferentes). Como a comunidade transvestegênere fica frente a eles?
Diversos estudos apontam que há pouca representatividade de personagens LGBTQIAPN+ nos jogos. E não é incomum terem características estereotipadas, sinalizando a diferença que não pode ser conciliada. O contrário que o seriado “A vida que você queria” propõe. Estrelado por uma atriz italiana trans feminina, apresenta todas as personagens, cis, trans, heteros e homoafetivas como iguais umas as outras.
Outras avaliações apontam que, apesar dos estereótipos, os jogos apresentam a existência das pessoas trans, tirando-as do anonimato. E, ao apresentarem as dificuldades enfrentadas por elas no cotidiano, estimulam a derrubada de preconceitos. Uma monografia apontou como os jogos podem contribuir para o correto uso de pronomes – algo que deveria ser simples, mas enfrenta barreiras gigantescas.
E há outra contribuição dos jogos: a progressiva aceitação de si pelas pessoas transvestegêneres. À medida que é possível ser personagem com gênero discordante, muitas vezes construído segundo a imaginação, permite a pessoa trans a experiência de viver em outro gênero. Mesmo que seja uma vivência na fantasia. Mas é possível compreender e aceitar que é um caminho útil e proveitoso para a autoaceitação e elaboração para a futura transição social.