A queda de cabelo em pessoas trans masculinas é um dos maiores receios quando o apoio hormonal dado pela testosterona para a afirmação social do gênero é iniciado. O que há de fato e de mito sobre o assunto?
O couro cabeludo tem, segundo a 3ª edição do Tratado de Dermatologia de Andrews, em torno de 100.000 fios de cabelo. A velocidade de crescimento é de 0,37 mm diariamente e o máximo tamanho esperado após ± 3 anos de crescimento é de 100 cm.
A incidência de calvície na população cisgênere masculina varia entre os países, e o Brasil não parece se destacar. Habitualmente se inicia no final dos 20 e início dos 30 anos de vida. Ocasionalmente pode surgir de forma rápida, ou mais precoce.
As razões que levam o cabelo a se tornar cada vez mais fino e ao final não mais nascer são complexas. Existe um aspecto genético, que não é simples como herança de grupo sanguíneo. A seborreia, a popular caspa, é um forte fator participante. Parece haver uma maior ação de hormônios dentro das células (a dihidrotestosterona). Este detalhe hormonal sugere ser inútil dosar a testosterona (porque não é ela quem causa), nem a dihidrotestosterona (porque sua dosagem no sangue talvez não reflita a intracelular).
As pessoas transvestegêneres masculinas em apoio hormonal com testosterona têm 2,5 vezes mais chance que as cisgêneres femininas de desenvolver calvície, segundo um estudo recente. Os dados sobre quantas delas desenvolvem calvície não são conhecidos. Os estudos até agora envolvem poucas pessoas, habitualmente europeias e não há padronização da dose hormonal. Outro estudo recente aponta que ⅓ das pessoas transmasculinas desenvolverão algum grau de queda de cabelo, sendo desconhecida a chance de calvície total.
Os cuidados médicos para as pessoas trans têm, até prova em contrário, o mesmo resultado que para as pessoas cis.