O que a fama pode fazer em prol das pessoas LGBGTQIA+? Em especial, em prol das pessoas transvestegêneres? Obviamente, falo da fama “positiva”. Fama negativa é o mais comum, principalmente em veículos ligados a instituições religiosas. Transfobia explícita, fama “negativa”, está na boca e atitudes de políticos diversos. Transfobia implícita, disfarçada de bondade, em discursos de “ex-trans”.
O Caso
Quando o presidente do seu país apoiou publicamente uma pessoa trans? O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, apoiou. Escreveu:
“Sua coragem e força são inspiradoras, e sua autenticidade e vulnerabilidade significarão muito para muitos.”
Quando uma revista de circulação nacional colocou como matéria da capa uma pessoa transgênero com enfoque positivo? A edição 29 de março / 5 de abril 2021 da revista Time estampou, na capa:
“Eu sou completamente quem eu sou…a luta pela igualdade trans”.
A Pessoa
Ellen Page, atriz canadense, indicada ao Oscar pela atuação em “Juno”, é um nome morto. O nome agora é Elliot Page. Uma pessoa transvestegênere, não binárie, de espectro masculino é a citada por Trudeau e capa da revista. Elliot solicitou que o fotógrafo fosse Wynne Neilly, também pessoa trans. Questão de coerência.
Na entrevista, Elliot se definiu enquanto queer e não binárie. Contou que acabara de ser submetido à mastectomia masculinizante. E que este procedimento não só modificara sua vida, como a salvara.
A Personagem
Quando transacionou, Page trabalhava na minissérie “The umbrela academy”. A produtora, Netflix, providenciou para que os créditos fossem atualizados em todos os episódios. E modificou a personagem Vanya. Esta transicionará para Viktor na terceira temporada.
A transição da personagem é similar àquela das pessoas reais. E, segundo artigos, o que surgirá nas telas é delicado e apropriado.
A presença desta transição contrasta com a postura pública de um dos CEOs da Netflix, claramente transfóbica.
Ponto para a Netflix? A discutir.
Saúde e Autoestima
Mas visibilidade positiva das pessoas transvestegêneres tem forte impacto sobre a saúde delas. Serem vistas como pessoas iguais às cisgêneres tem influência poderosa sobre a autoestima. E quanto maior a segurança pessoal, quanto maior a percepção do seu próprio valor, melhor a saúde emocional e física das pessoas. Fato válido para as mais de 7 bilhões que habitam este planeta.