Os casos de homofobia dentro da comunidade gay são um reflexo complexo e muitas vezes paradoxal da sociedade em geral. A homofobia interna pode surgir de diversas fontes, como pressões sociais, padrões de gênero internalizados, competição por aceitação e representação, entre outros fatores. Reconhecer e abordar essas questões é fundamental para promover uma comunidade mais inclusiva e acolhedora para todos os seus membros.
Além da questão histórica, os próprios homossexuais, em seu processo de educação sociocultural, incorporam tais valores relativos ao funcionamento social vigente. Isso, entretanto, é um mero resultado de uma sociedade totalitária, que não tolera o diferente do modelo imposto: cis-heteronormativo machista, misógino, racista, capitalista, elitista, globalizado, competitivo, exclusivista, preconceituoso, segregacionista, discriminatório e classista.
O auto preconceito é tecnicamente denominado como homofobia internalizada ou orientação sexual ego-distônica.
O auto preconceito vai destruindo a autoestima da pessoa homossexual, podendo gerar sentimentos de auto rejeição, vergonha, isolamento, embotamento afetivo, depressão e ansiedade, além de outros problemas psicológicos e psiquiátricos.
Além disso, a questão ainda levanta problemas de identidade e personalidade do indivíduo. Sendo assim, é comum verificar um esforço descomunal para se adequar aos padrões sociais, pois existem sentimentos de inadequação e não pertencimento, que levam a problemas de relacionamentos com familiares, amigos e parcerias afetiva.
A vulnerabilidade psíquica causada pela homofobia internalizada pode também ser perigosa, já que pode representar a adoção de comportamentos nada saudáveis. Então, muitas pessoas começam a usar e abusar do álcool e demais drogas, além de recorrer a mutilação e autodesvalorização como forma de lidar com esse “problema”.
Por conta disso, é fundamental prestar atenção em tais atitudes e como elas se desenvolvem. Em alguns casos, ela pode ser refletida num comportamento sexual de risco, levando a contaminação por ISTs (infecções sexualmente transmissíveis). Entretanto, também pode chegar ao aniquilamento do próprio ser por meio do suicídio.
É importante lembrar que o preconceito internalizado pode ser prejudicial para a saúde mental e bem-estar de uma pessoa LGBTQ+. Aqui estão algumas sugestões para ajudar alguém a lidar com o preconceito interno:
1. Autoaceitação: Incentive a pessoa a se aceitar e celebrar sua identidade LGBTQ+. Encoraje-a a reconhecer sua própria validade e valor como indivíduo.
2. Educação e conscientização: Ajude a pessoa a aprender mais sobre a comunidade LGBTQ+, sua história, direitos e conquistas. Isso pode ajudar a construir uma identidade positiva.
3. Terapia e apoio: Sugira que a pessoa busque terapia com um profissional qualificado que tenha experiência em questões LGBTQ+. Grupos de apoio também podem ser úteis.
4. Desconstrução de estereótipos: Ajude a pessoa a questionar e desafiar os estereótipos prejudiciais associados à comunidade LGBTQ+. Incentive-a a se libertar de padrões impostos pela sociedade.
5. Prática de autocompaixão: Encoraje a pessoa a se tratar com gentileza e compaixão, reconhecendo que merece amor e respeito, independentemente de sua orientação sexual.
Lembre-se de que cada pessoa é única e pode precisar de diferentes estratégias para lidar com o preconceito internalizado. Estar presente, ouvir atentamente e oferecer apoio incondicional são formas importantes de ajudar alguém que está enfrentando esse desafio.
Fábio Alves além de ser Enfermeiro é Psicanalista ele é pós graduado em sexualidade, psicanálise, terapia de casais e família, TCC , Psicologia Hospitalar e tem um quadro na Rádio Tropical fm 91,5 do RJ todas as segundas às 10h e Colunista do site Observatório G.
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