Séries

Anti-herói queer ganha adaptação na Netflix

Estética Noir e elenco coeso ganham destaque na refilmagem do clássico homoerótico

Fonte: Divulgação

O Talentoso Mr. Ripley, história célebre de Patricia Highsmith, recebe tratamento minimalista na Netflix com o lançamento este ano na plataforma de streaming.

Em Ripley, o personagem homônimo é recrutado por um ricaço para localizar o herdeiro no interior da Itália. De fato, as imagens do mediterrâneo funcionam como belo contraste para a vida de pequenos delitos de Ripley.

A série, protagonizada por Andrew Scott, recém-saído do longa de temática homossexual com Paul Mescal, conta com nomes conhecidos. Dakota Fanning está sutil e comedida, e John Malkovich ficou responsável por uma ponta.

O diretor da minissérie, Steven Zaillian, aposta no preto-e-branco nos oito episódios. A decisão estética, embora cause estranhamento, confere um teor de Noir dos anos cinquenta que cabe na narrativa.

Quando lançado, o thriller de Highsmith chamou bastante atenção da crítica. Não somente por retratar um criminoso em narração de primeira pessoa, mas também pela história com profundo subtexto homossexual.

Resta saber, no entanto, se a associação da autora entre criminalidade e desejo homoerótico foi feita para chocar ou para criticar.

Longe de se obter uma resposta, acaba que tanto o livro quanto o filme se tornaram símbolos da cultura gay.

A minissérie de Zaillian não fica para trás nesse quesito, pois o diretor trabalha bem o homoerotismo no espelhamento que Ripley faz em sua contraparte mais rica.

Há uma cena especialmente marcante em que Ripley veste as roupas de Dickie (Johnny Flynn). Ripley fica diante do espelho, treinando o modo de falar e agir do herdeiro.

Vale a pena ver a minissérie pelas atuações ímpares, mas cabe mencionar que o ritmo mais lento pode incomodar no início.

Com a onda de refilmagens de clássicos e franquias requentadas, que também têm seu propósito, a reencarnação de Ripley na Netflix relembra o mérito de retomar os acertos.