Reflexão

Por que a sexualidade do outro incomoda tanto ?

vivemos em um país marcado pelo preconceito

Por que a sexualidade do outro incomoda tanto ?

vivemos em um país marcado pelo preconceito

Imagem da nova Bandeira LGBTQIA / Projetada pelo desiner Daniel Quasar e finalizada por Valentino Vecchietti, que acrescentou a simbologia intersexo.

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Compreendo que vivemos em um país marcado pelo cristianismo, pelo preconceito, pela homofobia e pelo conservadorismo. Mesmo em 2024, a comunidade LGBTQIA+ enfrenta constantes ameaças e vive em um mundo real e cruel, não apenas em um enredo fictício da Netflix.

Desde cedo, as pessoas LGBTQIA+ são alvo de perseguição dentro de casa pela própria família, sofrem discriminação na escola, nas ruas e em todos os ambientes que frequentam. Muitas vezes, são obrigadas a deixar suas casas precocemente em busca de abrigos, e mesmo quando encontram um lugar seguro, enfrentam recusas de aluguel por parte de proprietários preconceituosos em relação à sua orientação sexual ou identidade de gênero.

O preconceito e a homofobia são manifestações profundamente enraizadas na sociedade, alimentadas pelo ódio e pela ignorância, o que torna sua superação uma tarefa árdua. Embora a homofobia seja considerada crime no Brasil, vinculada à legislação que trata do racismo, abrangendo discriminações por raça, cor, etnia, religião e nacionalidade, ainda persistem atitudes discriminatórias contra todas as pessoas LGBTQIA+.

É essencial reconhecer e diferenciar as diversas formas de discriminação enfrentadas pela comunidade LGBTQIA+. A bifobia contra bissexuais, a lesbofobia contra mulheres lésbicas, a gayfobia contra homens gays e a transfobia contra pessoas trans, incluindo travestis, transexuais e pessoas transgênero.

A história está repleta de exemplos de crueldade e injustiça contra indivíduos LGBTQIA+. Personalidades como Oscar Wilde e Alan Turing foram vítimas de perseguição e violência devido à sua orientação sexual. O escritor Oscar Wilde, autor do livro, o retrato de Dorian Gray, uma das maiores obras da literatura mundial, foi condenado a trabalhos forçados, por ser gay, na Inglaterra.

Alan Turing , o inventor do computador, foi castrado quimicamente, também na Inglaterra, em 1960.Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas marcavam os prisioneiros LGBTQIA+ com triângulos coloridos nos campos de concentração, demonstrando uma brutalidade inimaginável. Os prisioneiros LGBTQIA+ eram obrigados a usar um triângulo rosa em seus uniformes nos campos de concentração, enquanto as mulheres lésbicas eram identificadas com triângulos pretos invertidos.

Mesmo nos tempos modernos, como evidenciado pelo caso de Renata Carvalho, atriz, dramaturga, diretora e transpóloga. Que  Fundou o Coletivo T , primeiro grupo a ser formado integralmente por artistas trans em São Paulo – e o MONART (Movimento Nacional de Artistas Trans), que, em 2017, lançou o Manifesto Representatividade Trans. Na peça “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, a luta pela representatividade e aceitação continua.

A peça icônica : O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu , foi alvo de diversas censuras no Brasil.

O Texto é da britânica, Jô Clifford. Renata,  interpretava Jesus e recriou a história de Cristo como uma transexual nesta adaptação brasileira.

O que causou uma grande onda perseguição e ameaças para Renata, que corajosamente se motivou mais ainda para levar a peça para todos os lugares . As ameaças aconteceram, por desafiar os padrões estabelecidos, e sua coragem em dar voz à comunidade trans.

A versão nacional, que foi alvo de censura e teve sessões vetadas pela Justiça ,foi acusada de desrespeito à religião, resgata um universo underground das ruas. O desempenho da artista traz à tona sua identidade de travesti, desafiando o público a compreender o sofrimento causado pelo estigma e pela marginalização.

Sinceramente se Jesus voltasse agora , tenho certeza que a humanidade o crucificaria novamente.

Em última análise, a mensagem central dessa peça, assim como a essência do ensinamento de Jesus Cristo, é o amor. No entanto, é irônico observar como a sociedade, mesmo em uma nação que celebra datas cristãs como o Natal e a Páscoa, muitas vezes falha em praticar o verdadeiro amor e aceitação para com aqueles que são diferentes do que é considerado “normal”.

Como diria Caetano : ” De perto ninguém é normal “.

O preconceito e a homofobia persistem, alimentados pela falta de compreensão e pela intolerância. É triste constatar que, mesmo após tantos avanços sociais, a humanidade ainda se encontra atolada na ignorância e na discriminação. Por que a sexualidade alheia incomoda tanto? Talvez porque aqueles que se sentem incomodados sejam, na realidade, vazios, frustrados e infelizes consigo mesmos.

A Travesti Dandara dos Santos, que foi morta em 2017, foi homenageada com uma escultura exposta em Nova York, nos Estados Unidos. A obra é do artista Rubem Robierb e simboliza as asas de uma borboleta. 

Renata Carvalho, em, O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu / Reprodução

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Silvia Diaz , é Atriz, Performer, Dramaturga e Roteirista. Estudou interpretação Teatral(Unirio). Graduada em Produção Audiovisual(ESAMC). Dramaturgia ,SP escola de Teatro. Apenas uma Artista que vende sonhos em dias cinzentos. E quando os dias não forem tão trevosos, ainda assim continuarei a vender meus sonhos!! Cores, abraços, afetos, lua em aquário. Fluindo ..

@silviadiaz2015