Eu, com meu romantismo incurável, ainda acredito no amor, mesmo que de forma ingênua. Talvez seja minha lua em aquário.
Recentemente, assisti ao filme “You Can Live Forever” ,ou, “Você Pode Viver para Sempre” . chorei muito por causa das duas protagonistas, Jaime e Marike.
Lançado em 2022, “You Can Live Forever” é um drama romântico canadense dirigido e roteirizado por Sarah Watts e Mark Slutsky. Ambientado nos anos 1990, o filme acompanha Jaime (Anwen O’Driscoll), uma adolescente que, após a morte do pai, vai morar com sua tia Beth (Liane Balaban) e seu marido Jean-François (Antoine Yared), um fervoroso Testemunha de Jeová que almeja ser líder de sua congregação. Dentro desse novo ambiente, Jaime inicia um romance secreto com Marike (June Laporte), uma jovem devota da comunidade religiosa.
O filme foi parcialmente inspirado na experiência pessoal de Sarah Watts dentro de uma comunidade de Testemunhas de Jeová, embora a diretora tenha enfatizado que não se trata de uma autobiografia.
A narrativa gira em torno da dificuldade de Jaime em se adaptar às rígidas normas religiosas de sua nova casa. Quando conhece Marike, que está prometida a um jovem da igreja, nasce entre elas uma conexão intensa e proibida. O relacionamento se desenvolve em meio ao medo da descoberta e ao peso das crenças que as cercam. Como conciliar o desejo e a obrigação? Como amar dentro dos limites impostos pela fé?
“You Can Live Forever” , recebeu o prêmio de Melhor Filme no Festival de Cinema Lésbico e Gay de Turim em 2022. A trama aborda temas como religião, sexualidade, identidade e pertencimento, explorando o conflito entre a necessidade de aceitação e a busca por autenticidade. O filme também discute o amor proibido e os desafios enfrentados por casais do mesmo sexo dentro de comunidades religiosas conservadoras.
A história me remete ao Filme Desobediência, onde Ronit e Esti vivem um amor intenso, mas sem final feliz, pois Ronit decide partir, e Esti é casada com Davi, e está grávida. Em “You Can Live Forever”, a separação também é inevitável. Jaime vai embora, e Marike se casa. Anos depois, Jaime retorna para visitar a tia e é surpreendida por Marike, que a busca de carro. Agora mãe de um menino, Marike admite que nunca esqueceu Jaime, e ela, por sua vez, também confessa que, apesar de ter seguido sua vida, os sentimentos nunca se apagaram.
A cena final é uma metáfora poderosa:
— Você não vai me deixar ir? — pergunta Jaime.
Marike balança a cabeça, negando.
O amor, nesse contexto, nasce onde não deveria, entre silêncios carregados de significado e olhares que se desviam antes de se encontrarem. Ele floresce em um mundo onde as verdades já estão escritas, onde a dúvida é pecado e o desejo um erro a ser corrigido.
Jaime chega como quem não pertence, tentando decifrar o ritmo de uma vida que não lhe foi destinada. No universo fechado das Testemunhas de Jeová, onde tudo é regido por dogmas, ela encontra Marike, e, de repente, há luz dentro da escuridão.
O tempo se desenrola em gestos sutis, uma troca de livros, um toque que dura um instante a mais, um sorriso escondido entre palavras ensaiadas. O amor delas cresce como uma prece silenciosa, um rito sem espaço nas escrituras sagradas. Mas cada momento feliz vem acompanhado do peso da culpa, da escolha entre a eternidade prometida e o instante fugaz do agora.
Marike é feita de certezas e medos. Seu mundo foi construído sobre promessas de salvação, regras inquestionáveis e um Deus que não deixa espaço para o que ela sente. Mas , Jaime representa a pergunta sem resposta, a possibilidade de algo novo, um amor que não cabe nos limites do permitido.
O desejo nasce da urgência do proibido, na promessa de um “para sempre” que a sociedade não reconhece. O primeiro beijo é uma revolução, um ato de resistência silenciosa contra tudo o que lhes foi imposto. Mas a realidade as cerca, impiedosa, lembrando que algumas histórias foram feitas para serem silenciadas antes mesmo de serem escritas.
E assim, o adeus que não pode ser dito se torna uma marca indelével. A saudade se transforma em parte do corpo, em uma cicatriz invisível que o tempo não apaga. Jaime e Marike se tornam lembranças vivas, um amor que persiste nas entrelinhas do que foi e do que poderia ter sido.
Talvez o para sempre seja isso: um instante que nunca se dissolve, um nome que ecoa em preces mudas, uma faísca que resiste, mesmo quando tudo ao redor parece ter se apagado. Talvez amar, em si, seja uma forma de eternidade.
Em um sentido mais abstrato, a eternidade pode ser aquilo que nunca muda ou que sempre permanece em algum nível, seja na memória, ou na natureza do universo.
O Amor é indecifrável, é como se duas almas se reconhecessem além do tempo.
Cultivemos nossas ilhas !! Eu sinto !!
Silvia Diaz , é Atriz, Performer, Dramaturga e Roteirista. Estudou interpretação Teatral(Unirio). Graduada em Produção Audiovisual(ESAMC). Dramaturgia ,SP escola de Teatro. Apenas uma Artista que vende sonhos em dias cinzentos. E quando os dias não forem tão trevosos, ainda assim continuarei a vender meus sonhos!! Cores, abraços, afetos, lua em aquário. Fluindo . Cultivando minha Ilha.. Eu Sinto…
@silviadiaz2015