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MÚSICA

Dora Lopes: a diva noturna da nossa canção popular

A voz e as composições deste ícone LGBTQIAPN+ da música brasileira são dignas de uma lembrança especial

Publicado em 20/04/2024

Dora Lopes era lésbica, umbandista e dona de boate. Foi uma mulher muito a frente do seu tempo e é considerada uma das primeiras compositoras a abordar o tema da homoafetividade feminina na música brasileira.

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    Segundo o jornalista e historiador da música brasileira Rodrigo Faour: “Uma das primeiras menções ao lesbianismo na música brasileira foi da cantora e compositora Dora Lopes. Em seu LP de 1965 ‘Minhas Músicas e Eu’ havia uma canção chamada ‘Pintura Manchada'(com Zairo Marinoso) em que aborda o tema muito sutilmente. Antes disso, Cauby Peixoto havia gravado ‘Ambiente Diferente’ também dela(com N. Ramos), em que há alusão ao ambiente gay”.

    A carreira de Dora tem início na dupla Tip Tin que atuava na extinta Rádio Ipanema entre 1940 e 1944. Quando a dupla chegou ao fim, Dora integrou um sexteto feminino denominado Seis Mulheres do Barulho.

    Apesar dessas experiências iniciais, sua consagração se deu mesmo em carreira solo, que começa a ganhar forma a partir de sua participação no programa “Calouros em Desfile” de Ary Barroso. Em uma das edições desta atração, Dora obtém o primeiro lugar usando o pseudônimo de Silvinha Barreto, que adotou para sua família não descobrir a participação dela no programa. Pouco tempo depois, ela seria contratada para fazer parte do elenco de estrelas da Rádio Nacional.

    Sua primeira composição foi o samba-canção “Um Amor Assim” de 1952,  gravado pela sua grande amiga Dolores Duran, a qual Dora homenageou postumamente na canção “Com Dolores No Céu”(com Jorge Lopes e Bob Júnior). “Um Amor Assim” deixa claro a pouca importância que Dora Lopes dava às convenções sociais e a algumas instituições como o casamento. Essa era uma postura pouco comum para uma mulher nos anos 1950, década em que começa a compôr.

    Como compositora Dora ganhou ainda mais projeção do que como cantora. Alguns dos grandes sucessos de sua autoria por outros intérpretes são: “Toalha de Mesa”(1963) na voz de Noite Ilustrada; “Samba Sem Viola”(1970) na voz de Djalma Pires; “Ponto de Encontro”(1973) na voz de Célia e “Amor Proibido”(1974) na voz de Agnaldo Timóteo.

    A lista dos intérpretes de sua obra é vasta: Marlene, Nuno Roland, as irmãs Linda e Dircinha Batista, Ângela Maria, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Nora Ney, Isaurinha Garcia, Nelson Gonçalves, Carmen Costa, Dóris Monteiro, Wanderléa, Rosemary…e alguns outros que não caberão aqui.

    Algumas outras curiosidades tornam Dora Lopes uma figura emblemática na história da música brasileira: o fato de ter sido lésbica assumida, uma boêmia apaixonada pelas noites e bares, uma das poucas mulheres de seu tempo que expressou em suas letras seu gosto pela bebida e também o fato de ser adepta da Umbanda, levando este último tema para algumas de suas composições como “Pai Edu”(com Clayton), “Colar e Boné”(com Gilson Harmonia) e “A Mandinga Vai Voltar”(com Nereu Gargalo). Estas três canções estão presentes no seu último LP “Esta é Minha Filosofia” de 1976.

    Dora Lopes foi e continua sendo, além de uma das nossas maiores cantoras e compositoras, uma das mulheres mais admiráveis do Brasil, que abriu caminho para que muitas outras mulheres pudessem garantir hoje seus direitos no meio artístico e social.

    Sua história jamais deve ser esquecida.

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