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Direito a Deus

John Wycliffe – O inglês que antecedeu Lutero e Calvino

Ele teve o corpo exumado e queimado pela Igreja pelo simples fato de ter traduzido a Bíblia para o Inglês e proposto uma Reforma Religiosa

Publicado em 16/12/2022

John Wycliffe nasceu em Yorkshire, Inglaterra e viveu no período de 1328 a 31 de dezembro de 1384. Com 18 anos Wycliffe foi estudar Teologia, Filosofia e Legislação Canônica em Oxford.

Em 1361 foi ordenado pela Igreja católica, passando a exercer a função de vigário em Fillingham.

Em 1363 voltou para Oxford, onde concluiu o bacharelado em Teologia, em 1365 e recebeu o grau de doutor em 1372.

Wycliffe era professor e se tornou um reformador religioso do século XIV. Nesse período a Inglaterra era governada por Eduardo III e a Carta Magna Inglesa obrigada o rei a compartilhar o governo com o Parlamento.

Porém, o Parlamento ampliou seu poder, funcionando como “Corte de Justiça”, com direito de aprovar impostos, legislar e inspecionar a administração, impondo seu controle ao poder real.

De 1309 a 1376 o papado permaneceu instalado em Avignon, na França. E desde 1337 França e Inglaterra travavam uma guerra política que duraria cem anos.

Diante de toda essa situação, o Parlamento inglês procurava impedir a cobrança dos impostos eclesiásticos, pois os valores recolhidos pela igreja enriqueciam os inimigos franceses.

Mesmo dentro desse clima, o papa Urbano V, em 1365, reclamou os impostos que não eram pagos havia 35 anos.

Ainda em 1374, Wycliffe foi convidado pelo Parlamento para encabeçar as discussões, com os representantes do papa Gregório XI, sobre as taxações papais, pois a fama do teólogo já era grande.

Ocorre que, quanto mais ele tinha contato com Roma, mais indignado ele ficava. Wycliffe defendia que o papado estava envenenado por corrupção e interesses pessoais.

O Parlamento, com base na argumentação de Wycliffe, declarou que a submissão da Inglaterra a uma autoridade estranha era ilegal, pois havia sido decidida sem anuência da nação.

Com sua argumentação ganhou hostilidade do clero e favores do Governo inglês. Foi nomeado reitor de Lutterworth, em Leicestershire, cargo que manteve até a morte.

Ainda em 1374, Wycliffe recebeu uma missão que o levou a Bruges, Bélgica, na qualidade de delegado do Governo, na incumbência de tratar da questão papal das “provisões”.

Segundo elas, era o direito tradicional do Santo Padre de nomear quem quisesse para cargos eclesiásticos. Wycliffe foi contra, mas não conseguiu nada de prático.

Após a morte de Eduardo III, seu neto Ricardo II tinha apenas 9 anos, mas seu tio John de Lancaster ou de Gaunt, assumiu papel de destaque na vida política inglesa, e nele Wycliffe encontrou apoio para agir com maior liberdade.

Wycliffe publicou panfletos argumentando que, ao invés de buscar riqueza e poder, a igreja deveria se preocupar com os pobres.

John Wycliffe dedicou-se em traduziu a Bíblia para o inglês, a fim de torná-la acessível ao povo. Atacou a hierarquia eclesiástica, clamando por sacerdotes pobres, e isso teve repercussões ainda maiores em sua popularidade.

O alto clero, de modo geral, provinha da nobreza e acumulava os benefícios de seus altos postos na Igreja com as heranças das famílias feudais e já não exercia mais as atividades de caridade e muito menos mantinha voto de pobreza. Os votos de castidade e pobreza eram ignorados

O baixo clero provinha, em grande parte, das camadas mais humildes da população, era pobre e frequentemente analfabeto.

Tudo isso era abertamente criticado por John Wycliffe. Suas críticas à Igreja desempenharam importante papel por ocasião da “Legislação Antipapal”, aprovada pelo Parlamento em 1376.

Nesse mesmo ano, Wycliffe publicou “Sobre a Propriedade Privada” no qual afirmava, que todos os direitos, inclusive o da propriedade, emanavam de Deus, que os bens terrenos do clero deviam ser tomados e a Igreja devia se dedicar apenas aos assuntos espirituais. Dizia:

“Qualquer, propriedade na mão do clero é basicamente pecaminosa”.

Afirmava que a possibilidade de usufruto particular de uma propriedade devia ser resolução atribuída ao Estado e não à Igreja. Pressupunha a necessidade de encampação pelo Estado das terras pertencentes à Igreja.

Em 1377, o bispo de Londres exigiu que Wycliffe aparecesse, juntamente com seu protetor, John de Gaunt, perante sua corte para explicar “as coisas surpreendentes que brotavam de sua boca”. Ele foi acusado de “erro de pregação”.

No dia 03 de fevereiro de 1377 ocorreu o julgamento de Wycliffe na Catedral de São Paulo, em Londres.

A audiência foi uma farsa do começo ao fim. O julgamento efetivamente não se realizou, pois os homens fiéis a Gaunt atacaram a guarda pessoal do bispo e Wycliffe se viu livre da Catedral de São Paulo, onde iria depor.

Quando o Papa ouviu falar sobre o fiasco do julgamento, emitiu uma bula [carta ou documento oficial papal] em que acusou Wycliffe de “vomitar do calabouço sujo de seu coração as mais perversas e condenáveis heresias”.

O papa Gregório XI emitiu cinco bulas condenando dezoito conclusões de Wycliffe e ordenando sua prisão até a apuração dos fatos.

Mesmo com sua liberdade ameaçada, mais uma vez o reformador compareceu perante o Parlamento para criticar a saída de valores ingleses para as mãos da Igreja.

Enquanto isso, a Igreja se dividia. Clemente VII fora eleito para papa pelo clero francês, em Avignon, e Urbano VI reconduzia a sede do papado para Roma.

O choque entre os dois papas era o que John Wycliffe precisava para chamar os papas de Anticristo. Voltou-se contra todos os dogmas da Igreja: absolvição dos pecados, a hóstia, tudo era alvo para os ataques de Wycliffe.

À medida que Wycliffe radicalizava, passava a ser um entrave à política exterior britânica e Gaunt pediu que ele silenciasse. Abriu-se um abismo entre Wycliffe e o Parlamento.

Wycliffe foi acusado de heresia e colocado em prisão domiciliar. Mais tarde, acabou forçado a deixar seu posto como professor do Balliol College, em Oxford.

Wycliffe dizia acreditar firmemente que a Bíblia deveria estar disponível para todos. Via a alfabetização como a chave para a emancipação dos pobres.

Naquela época, embora partes da Bíblia já tivessem sido traduzidas para o inglês, ainda não havia uma tradução completa do livro sagrado.

As pessoas comuns, que nem falavam latim nem podiam ler, só podiam aprender com o clero. E muito do que eles achavam que sabiam, ideias como o fogo do inferno e o purgatório, não faziam parte das Escrituras.

Assim, com a ajuda de seus assistentes, Wycliffe produziu uma Bíblia em inglês.

Era inevitável que uma reação violenta eclodisse: em 1391, antes que a tradução da Bíblia fosse concluída, um projeto de lei foi apresentado ao Parlamento para proibir a Bíblia em inglês e prender qualquer pessoa que possuísse uma cópia do livro sagrado.

O projeto de lei não foi aprovado – John de Gaunt cuidou disso no Parlamento, mas a igreja retomou sua perseguição contra Wycliffe.

Wycliffe foi condenado pelo arcebispo de Canterbury, embora mantivesse o cargo de reitor. Prosseguiu com seus trabalhos e no fim da vida escreveu “Trialogus”, súmula de suas teorias.

John Wycliffe faleceu em Lutterworth, Inglaterra, no dia 31 de dezembro de 1384, em consequência de um derrame cerebral.

Em 1427, o papa Martinho 5º ordenou que os ossos de John Wycliffe fossem exumados de seu túmulo, queimados e jogados no rio Swiff, que banha Lutterworth.

O objetivo era que seu túmulo não fosse reverenciado. Wycliffe morrera havia 40 anos, mas a fúria causada por sua ofensa ainda permanecia viva.

O arcebispo de Canterbury disse que Wycliffe tinha sido “aquele canalha pestilento, de memória condenável, sim, o precursor e discípulo do Anticristo que, além de sua maldade, inventou uma nova tradução das Escrituras em sua língua materna”.

Fonte: ebiografia e BBC News

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