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Direito a Deus

Stanley Underhill – O Pastor que Saiu do Armário aos 91 anos

Em sua autobiografia “Coming out of the Black Country”, Stanley Underhill conta sua trajetória até a vida como Sacerdote e a Saída do Armário aos 91 anos

Publicado em 28/11/2022

Desde muito jovem, o pastor Stanley percebeu que era diferente dos seus colegas. Porém, ele não tinha em quem se apoiar.

Underhill nasceu em 1927. Na infância era uma criança tímida, e seus pais eram muito puritanos e não davam espaço para falas sobre sexualidade. O pai, que trabalhava em uma fábrica de equipamentos elétricos, recebia um salário baixo que permitia à família comprar apenas o básico. Segundo relatado por Stanley, as interações com seu pai, de um modo geral, consistiam em uma série de instruções e repreensões.

Acho que ele me desprezada, e não conseguia expressar por quê”.

Com sua mãe o relacionamento também não era muito diferente. Ele relatou que ela costumava perguntar: “De onde você tirou essas ideias?”

Somado a isso, Underhill sofria bullying na escola.

Ser gay ainda era ilegal e considerado por muitos “uma aberração para Deus”. Assim como muitos gays, Underhill escondeu sua orientação sexual.

Conscientemente reprimi e neguei minha homossexualidade — para mim mesmo, para os outros e para Deus.

Eu não sabia quem eu era. Tinha esses sentimentos, mas não era capaz de explicá-los, e ninguém tinha explicado para mim. Como você sabe, a palavra homossexual não fazia parte do nosso vocabulário.

Nas aulas de natação, ele começou a perceber que sentia atração pelo corpo masculino.

A visão do corpo (do professor de natação) mergulhando era excitante”, escreveu em sua autobiografia.

Aos 18 anos, Stanley entrou para a Marinha como enfermeiro, como parte do serviço militar obrigatório.

Após a Segunda Guerra Mundial, ele foi destacado para o HMS Queen, porta-aviões que transportava mulheres que tinham se casado com soldados americanos.

Uma das passageiras caiu durante a viagem para os EUA e quebrou a perna. Underhill foi chamado para atendê-la, mas desmaiou ao ver tanto sangue.

Um homem chamado Alex foi encarregado de cuidar dele.

Quando abri os olhos, encontrei-o (Alex) olhando para mim. Ele estava me dizendo algo. Não ouvi o que ele me disse. Mas nossos olhares se encontraram, e eu me apaixonei por ele”.

Em 1948, depois de servir à Marinha, aceitou uma oferta do pai de Alex para trabalhar como contador não remunerado.

O relacionamento com Alex era maravilhoso. Nunca me ocorreu que eu estava infringindo a lei ou que aquele não era um processo natural.”

Quando, porém, decidiu morar com Alex, percebeu que era considerado inaceitável. O pai de Alex pediu que Underhill saísse do emprego e Alex também começou a mostrar sinais de mudança.

Nós dois começamos a ler as Escrituras. Ele chegou à conclusão que se relacionar comigo era algo perverso”.

Alex resolveu namorar uma mulher enquanto ainda mantinha um relacionamento com Underhill. Em 1952, Alex decidiu se casar com a namorada e convidou Underhill para ser padrinho.

Foi terrível. Pior que uma rejeição. Mergulhei no caos”.

Alex chegou a sugerir que Stanley fizesse uma “terapia de conversão” da homossexualidade.

Ele reuniu alguns amigos em uma manhã de novembro e me convenceu a colocarem as mãos em mim e orar. Ele estava bastante animado”, relembrou.

Chamou Jesus para ordenar que o demônio saísse de mim e me libertasse do meu sentimento homossexual”.

O resultado foi um desastre e apenas fez com que Stanley se sentisse ainda pior.

Fui ao médico e disse: ‘Não sou bom para este mundo – me tira daqui’.”

Veio o sofrimento, a depressão e os pensamentos suicidas. Stanley chegou a ser submetido, inclusive, à terapia de eletrochoque.

Ele passou a conter suas inclinações naturais e, por um breve período, evitou olhar para os homens que cruzavam seu caminho. Estava desesperado para mudar sua sexualidade, mas não conseguia. Suplicou a Deus, mas nada funcionou.

No fim das contas, todos os meus amigos, com exceção de um, não queriam mais saber de mim. A notícia de que eu era homossexual tinha se espalhado”.

Stanley, então, vendeu a casa e voltou a morar com sua mãe por um tempo.

A homofobia era institucionalizada no Reino Unido.

Somente em 1967, a homossexualidade foi descriminalizada na Inglaterra e no País de Gales.

Assim como o inglês Alan Turing, que para escapar da prisão por ser homossexual, optou pela terapia hormonal, Underhill também tomou injeções hormonais de testosterona após o “exorcismo” de Alex ter fracassado. Segundo ele, isso apenas aumento sua frustração sexual.

Aos 29 anos, Stanley se mudou para Londres e, embora tenha conhecido vários outros homens gays, teve dificuldade em construir vínculos fortes.

Eu senti amor e tive alguns relacionamentos íntimos com homens, mas eles não foram capazes de florescer em um clima tão frio“, diz.

Ele se tornou sócio de uma empresa de contabilidade, mas sua sexualidade voltou a ser um problema.

Me humilharam de todas as maneiras por ser gay. Então, decidi sair de lá e seguir meu desejo de longa data de me tornar pastor.”

Aos 50 anos Underhill resolveu se aproximar do seu guia e entrou para a Ordem da Sociedade de São Francisco, da Igreja Anglicana, a que ele considerava menos homofóbica.

Entre reflexões acerca de Jesus e a interpretação bíblica, Underhill orou.

Eu secretamente pedi a ele que fosse meu amigo e me guiasse ao longo da vida.”

Ele estudou três anos em Canterbury, no Reino Unido, para ser ordenado sacerdote. E serviu então em diferentes paróquias sem revelar que era gay.

Dada a hipocrisia contínua das autoridades da igreja, eu não estava preparado para sair do armário“, escreveu em sua autobiografia.

Underhill chegou a ser ameaçado de ter sua homossexualidade exposta por um leigo designado para o ajudá-lo em seus deveres como sacerdote.

No ano de 2018, aos 91 anos, em entrevista fornecida à apresentadora Emily Webb, do programa Outlook, da BBC, Underhill afirmou “Não contei ao meu irmão que era gay até escrever o livro em 2018

Seu irmão era apenas 02 (dois) anos mais novo.

E não fez diferença para ele“, acrescentou. “Queria ter contado a ele e a minha família antes, mas não sabia como eles receberiam (a notícia).”

Em sua autobiografia, Coming out of the Black Country, Stanley escreveu: “Eu cresci em um mundo hostil, fanático e ignorante, cheio de preconceitos, pobreza e distinções de classe“.

Nasci homossexual. Não foi uma escolha. Passei boa parte da minha vida desejando ter nascido hétero

Underhill vive em um lar de idosos em Londres — e está feliz com as mudanças nas atitudes sociais em relação aos homossexuais.

Mas as feridas mais profundas não foram completamente cicatrizadas.

Lamento muito ter sido privado de uma vida sexual normal, algo que me causou muita frustração.”

Fonte: BBC

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