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Saber é bom

A dura caminhada de uma pessoa trans para ser trans

a caminhada até se inserir no mundo trans é longa, dolorosa e difícil

Publicado em 25/10/2022

Um erro muito comum, uma “fake”: pessoas escolhem seus gêneros e orientação sexual. A partir desta ideia sem contato com a realidade, sem comprovação científica, outras surgem. Dentre elas que o trajeto entre deixar de ser uma pessoa cisgênere para ser transvestegênere é simples…

Melhor corrigir a frase anterior, para maior clareza do que acontece. O trajeto entre perceber que o gênero com o qual se vivia não é o seu, que existe um lugar para as pessoas que assim se descobrem, que é possível entrar nele não é simples.

A experiência clínica de quem acompanha pessoas trans mostra o trajeto mais frequente. Duas publicações brasileiras recentes o colocou de forma clara. (versão internacionalversão brasileira).

A percepção de algo que não está adequado; ou de que há uma incompatibilidade entre o que se é e o que dizem que se é, começa, para algumas pessoas, muito cedo. Muitas pessoas transvestegêneres percebem algo que não conseguem compreender por volta dos 5 anos. Quando encontram ambiente favorável são capazes de expressar “não sou menino, sou menina”. Ou “não sou menina, sou menino”. Se o ambiente não lhes permite, a percepção é recalcada, aprisionada no seu interior. O que não significa que o assunto morreu. Uma das pessoas do trabalho citado disse:

Quando eu era criança, gostava de brincar com brinquedos de meninos… eu usava muito a imaginação. Eu sempre gostava de fingir ser personagens e eram sempre a versão fantasiosa de você, era sempre um menino”.

Na puberdade, frequentemente, a percepção retorna. Frequentemente com força. E muitas vezes disfarçada de autoagressão, automutilação, tentativa de autoextermínio, uso de drogas, mau desempenho escolar.

Notícias na televisão, postagens em redes sociais, novelas funcionam como um despertador. Quem está com a percepção de estranheza com o gênero de criação percebe através delas uma resposta. Uma possibilidade de igualdade. Começa ai a construção de uma nova identidade. Que inclui a percepção de que a primeira pessoa transfóbica encontrada é quando se olha no espelho. Do mesmo trabalho:

“É esse sofrimento de você olhar e não se ver. É esse sofrimento diário, na verdade. O pessoal pergunta: ‘Nossa, como você leva o câncer tão de boa?’ E eu falo ‘gente o que é um câncer para quem é transgênero? Não é nada, né?!’ Tem esse sofrimento diário. Então quando você vai passar pelo câncer, se torna uma coisa muito pequena com relação ao sofrimento”

Esta identificação, frequentemente mantida em sigilo, estimula a pesquisa. Descobre-se não ser um caso isolado, único. Há pessoas iguais. Não se está sozinho!

“Foi aí que eu conheci alguns homens trans e me identifiquei. Depois teve toda aquela repercussão da novela também, que ajudou bastante e foi quando eu realmente me assumi novamente pra minha mãe”

Como lidar com isso? Que recursos existem? Há medicamentos? Cirurgias? Redes sociais parecem ser a primeira fonte de informações, e ricas, encontrada. A partir delas o uso de hormônios por conta própria é comum. As mesmas redes contam que o SUS provê atenção às pessoas trans.

Mas os centros especializados são poucos em 8 milhões de km². A fila é longa. Os centros estão longe. O que sobra?

Eu acho que é mais rápido [serviço particular]. A fila de espera do SUS é imensa. Quatro, cinco anos de espera… e eu não sei se tenho saúde pra isso. Mental, no caso. E aí eu vou trabalhar pra juntar a quantia que precisa para os médicos particulares.”

Tive dificuldade quando morava no interior, porque não tinha acompanhamento médico e eu fazia o uso dos medicamentos de forma aleatória como “dava na telha”, como alguém que já vinha tomando há um tempo me indicava ‘eu tomei e deu certo, toma também’, aí eu tomava”

Mas mesmo na saúde privada a atenção é precária. Uma das pessoas do estudo comenta:

“Eu procurei o meu plano de saúde e os profissionais falaram para mim que eles não atendiam o meu caso, porque eles não tinham especialização na área e eles próprios me encaminharam pra cá, falaram ‘procura o Hospital X [hospital universitário], lá tem uma equipe multidisciplinar que é um pessoal que já entende o lado de vocês e vai atender vocês melhor.’”

A trajetória da pessoa transgênere não é fácil… alguém ainda acha isso?

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