Pacajus é uma cidade do Ceará, a 51 km de Fortaleza. Correndo o tempo para o passado, é possível propor que se originou de uma missão jesuíta, em torno de 1707. Seu nome tem origem indígena. O último censo aponta quase 71 mil habitantes, distribuídos em 250 mil km/m², em clima semiárido.
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Seria uma cidade anônima no meio dos 5.568 municípios brasileiros, mas…
A História
“Eu não vou te tratar como mulher porque a minha religião não aceita, porque Deus não aceita, você sabe do fim de vocês, Deus não aceita a opção de vocês.”
Esta frase foi a resposta a solicitação de uma saia, em uma loja de roupas no centro de Pacajus. Na verdade, foi a resposta a solicitação da cliente. Professora há 10 anos, Jhosy Gadêlha, pessoa transfeminina, solicitou a quem a atendeu que sua identidade fosse respeitada. A proprietária se recusou.
Jhosy, que leciona espanhol, registrou um boletim de ocorrência. E denunciou o caso nas redes sociais. Em entrevista disponível no youtube, relatou o que ocorreu.
Enquanto estava no provador, a proprietária começou a conversar com ela. Tratou-a por “filho”. No primeiro momento, Jhosy engoliu em seco. Mas logo percebeu, pelo discurso, que a história não teria um final feliz. Ela introduziu na conversa suas experiências religiosas, sugerindo, inclusive, que ser LGBT seria coisa do maligno.
Negou que a professora fosse mulher, pois a voz não era feminina. E sugeriu que somente usaria o pronome feminino se ela tivesse se submetido à cirurgia.
Após a exposição do caso, as reações.
A loja? Respondeu pelas redes sociais: “Sujeito totalmente tendencioso e agressivo. Usando de minha imagem para denegrir meu nome”. No masculino… da religião, aprendeu a intolerância e a incapacidade de ouvir e sentir a outra pessoa. Talvez seja mais justo imaginar que usa outros (a religião) para não se comprometer com seus preconceitos.
A escola? Uma coordenadora incentivou que tomasse as medidas necessárias. Os alunos a receberam com aplausos em um longo corredor de afeto. Da religião, aprenderam o valor da solidariedade, do respeito e da empatia.
Jhosy mora em Pacajus há 7 anos, e nunca tinha sido vítima de transfobia. Foi a primeira (e espera, a última) vez.
Curiosamente, a professora é de família evangélica. Que a apoia.