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Autista e mulher trans. Trajetória de uma vida

Publicado em 01/07/2022

Lembranças

Eu sou Sophia Silva de Mendonça, escritora, youtuber do Canal Mundo Autista e Mestre em Comunicação Social. Desde muito cedo meus interesses eram voltados para o universo feminino. Adorava, em especial, uma camisola de minha mãe, de cetim. A textura do pano era bem interessante. Ela não podia esquecer um sapato de salto alto sem guardar. Eu calçava para ficar igual a ela. Minha mãe nunca me incentivou ou repreendeu por isso.

Mudanças

Aos onze anos meu corpo começou a mudar. Foi uma fase muito ruim, da qual, confesso, não gosto de lembrar. Eu percebia que meu corpo estava mudando e não gostava do que acontecia. E assim continuou até os 14 anos, quando comecei a apresentar forte fobia social.

Chamei minha mãe e contei a ela o que se passava comigo. Queria começar a transição que libertasse a menina escondida em mim.

Despreparo e Capacitismo

Ela disse que não entendia nada sobre o assunto, mas que iríamos estudar juntas. Falou também que devíamos procurar profissionais da área de saúde para evitar sequelas futuras.

Descobrimos o despreparo dos profissionais. O psiquiatra soltou uma sonora gargalhada diante da minha mãe e disse: “Ora, essa pessoa não sabe de nada. Sequer se apaixonou. Não teve desejo sexual ainda.” Ela intuiu o restante da fala: “Não se esqueça que ele é autista.”

Capacitismo aliado à falta de conhecimento resultaria mais tarde em estresse pós-traumático para mim.

Entendimento

Em 2015 eu publiquei o livro “Outro Olhar”. A repercussão do livro foi um grande sucesso. Aí comecei a dar palestras e lançamos o canal “O Mundo Autista”, no Youtube. Iniciava o curso de jornalismo e minha profissão.

Há muito tempo eu usava meu cabelo grande. Resolvi cortar, bem curto, e assumi a homossexualidade como forma de tentar acabar com tanto sofrimento. Mas interagindo com esse universo, que me apresentou amigos queridos, fiquei mais segura de que eu não era um homem gay.

Identidade

Segui sofrendo até que veio a pandemia. Eu havia terminado a faculdade e ingressado no mestrado na UFMG. Contudo, no segundo semestre, não aguentava mais. Assumi a verdadeira identidade de meu gênero feminino.

Conversei com meu núcleo familiar: mãe, pai, avó e tias. Fui acolhida, apesar do estranhamento causado em todos, exceto minha mãe. Mas não faltou o respeito por parte deles, além de profundo respeito pela minha coragem e decisão.

Comunidade

O mesmo aconteceu com amigos do budismo (sou membro da Divisão Feminina de Jovens da BSGI – Brasil Soka Gakkai Internacional). Também com meus amigos próximos, meus professores da faculdade e do mestrado. E, o mais incrível, a maioria quase absoluta dos seguidores do Mundo Autista. Até ganhei mais seguidores.

Os únicos ataques vindos pela internet foram de pessoas que não me seguiam. Que não conheciam minha história. Nenhum de meus 9 livros publicados e a construção de minha vida profissional. Mas, “enquanto os cães ladram, a caravana passa.”

Texto reproduzido, com autorização da autora, do Instagram. Sophia foi citada no texto “O erro de enxergar a transgeneridade como doença“.

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