O Brasil passa por muitas dificuldades nos últimos anos. Mas enfrentá-las não parece ser o objetivo de uma parcela das pessoas eleitas. Optam pela busca de um espaço de poder, com o dissimulado projeto de pensamento único, ciência amarrada a ideologia, imposição de uma única crença.
Segundo levantamento recente, é uma preocupação de parte da classe política brasileira os banheiros segundo os gêneros assumidos. Partidos conservadores apresentaram, nos últimos 3 anos, 20 projetos de lei contra banheiros multigêneros. O cerne das propostas é inviabilizar que pessoas trans frequentem os banheiros e vestiários corretos. Ou seja, pessoas transvestegêneres masculinas, banheiros masculinos. Transvestegêneres femininas, banheiros femininos. Conservadores, infelizmente atrelados a diversas denominações cristãs, consideram uma questão vital que a genitália escolha o banheiro. Não é o coração, a razão, o afeto. A genitália…
Justificativas
Essas pessoas defendem os projetos com argumentos jamais comprovados pela ciência.
– a exposição das crianças e adolescentes às crianças e adolescentes trans as transformarão em trans. Onde estão os estudos científicos acumulados que autorizam este pensamento? Se eles não existem, o pensamento não tem justificativa nos fatos. É pânico simples. Talvez pânico de quem não tem segurança sobre sua própria sexualidade ou identidade de gênero.
– a presença de pessoas trans seria uma forma dissimulada de abuso sexual. Pessoas trans, ou disfarçadas de transgêneras, iriam ao banheiro não por uma necessidade do corpo, mas para espiar pelo buraco da fechadura. Onde estão os boletins de ocorrência de crimes desta natureza? Se não existem, pode ser dito que tais crimes somente são reais na mente de quem os teme. E se alguém vai se disfarçar de transvestegênere…somente uma pessoa cisgênere faria isso. Aliás, as estatísticas apontam que pedofilia e abuso sexual são cometidos por pessoas cisgêneras e heteroafetivas. Não pelas transgêneras ou homoafetivas.
Poderes sem vontade
A Antra iniciou a campanha “Liberte meu xixi”. Ela visa destravar o julgamento do STF de uma ação de 2015. Nela é analisado o fato de uma mulher ter sido barrada em um banheiro de um shopping em Santa Catarina. Está parada pelo pedido de vistas do ministro Luiz Fux. A expectativa é que a Suprema Corte fizesse valer direitos humanos básicos contra o preconceito e a ditadura de pensamento único.
Há proposições na Câmara dos Deputados. Uma delas foi protocolada em outubro de 2020 e ainda não caminhou. E, até agora, não há notícia de uma decisão do Congresso Nacional favorável aos direitos da população LGTQIAP+.
Uma questão de saúde
Pense em estar no shopping, ir ao cinema, voltar para casa de ônibus…quanto tempo? E sem poder ir ao banheiro. Porque se entrar no “banheiro errado”, a segurança pode ser chamada. A polícia. E curiosos não vão desperdiçar a oportunidade de filmar o evento, para transformá-lo em escândalo nas redes sociais.
Para evitar tais situações, “prende o xixi”. Hábito que pode trazer repercussões negativas à saúde das pessoas trans. Distensão da bexiga, por exemplo. Leva ao seu esvaziamento incompleto. O que facilita infecções urinárias de repetição. Outra possibilidade: perda da sensibilidade para urinar, com o mesmo efeito.
Não é só a saúde mental que é afetada. A física também.
Mas quem se importa com a saúde de pessoas LGBTQIAP+?