Como compreender um político que não fala a verdade no exercício do seu mandato? E como avaliar a carreira política de uma pessoa que não sabe ouvir as outras? Votaria em uma pessoa incapaz de dialogar?
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Dialogar é expor seu ponto de vista. É ouvir o ponto de vista contrário ao seu. Isto produz uma modificação, frequentemente parcial, dos dois pontos de vista opostos. Se não há disposição para ouvir, não há diálogo verdadeiro.
O Caso
Segundo a organização Boatos.org circulou na internet um vídeo em protesto contra o absurdo da distribuição de bonecas trans às crianças. O site Acritica.com especifica que o autor seria um vereador de Manaus. O vídeo está no Instagram no político, datado de 4 dias antes da data de hoje..
A fala destoa do escrito nos comentários. No escrito, diz: “não duvido que ela esteja sendo vendida”. Pela boca, afirma: “é isto que estão vendendo para suas crianças”.
O problema é que ele divulgou uma informação falsa. No momento em que escrevo este texto, no mesmo instagram, não há retificação do conteúdo.
É verdade que o vereador amanuense não está só. O pastor Cláudio Apolinário faz o mesmo. Também, até este momento, na mesma mídia, não postou retificação.
A afirmativa de que a boneca está sendo comercializada é falsa. Ela foi um presente. Foi tão importante e significativo que foi divulgado em rede social. Bárbara Iara Hugo, educadora, mestrando em educação e youtuber, mulher trans, a recebeu da artista Mari Kazi. Ambas a planejaram com cuidado e não foi produzida em poucas horas. Foram semanas.
Um Presente Importante
Segundo Pietra Carvalho, do site UOL, Bárbara comentou qual a importância da sereia negra e trans que ganhou.
“Eu tentei fazer um relato de cunho pessoal. Eu brincava com bonecas quando era criança, em especial de uma prima minha, escondida, porque eu tinha medo de que as pessoas, especialmente meu pai, soubessem do meu interesse por bonecas. E era aquele desejo reprimido. Em algum momento da vida adulta, depois da transição, a gente consegue rever, revisitar esses sonhos, que, outra hora, estiveram reprimidos e agora são sonhos possíveis de se tornar realidade.”
A boneca ela tem essa questão do espelhamento com o meu corpo, da minha autoimagem, e uma sugestão de autoimagem possível, porque nós pessoas trans vivemos de forma ‘encarnada’, construindo a própria imagem, sobretudo nós vivemos essa situação”.
Apenas as pessoas que nunca presentearam crianças com bonecas ou bonecos vão considerar este presente como “ desimportante”…
Onde entra o diabo
Os adeptos da fé cristã, principalmente ligados a igrejas históricas, confessam crenças comuns. Entre elas, que as Escrituras Sagradas são o parâmetro, a fonte, da religião e da ética. Confessam que “Jesus é Senhor”. Ou seja, que a vontade dEle, expressa nos Evangelhos, é que determina suas atitudes.
Jesus, em um discussão pesada com líderes religiosos de Sua época, explicitou que a mentira tem uma fonte. O diabo. Seja este um ser com autoconsciência ou não, Ele deixou claro que é o Seu oposto. Não é possível servir a Jesus e ao diabo. O Primeiro, fonte da Verdade. O segundo, origem da mentira.
Quando alguém apresenta uma mentira se torna mentiroso. Quando alertado e não retira o afirmado, será desculpado?
Mentir para conseguir votos. É arte e especialidade do demônio.
Talvez possa ser alegado que no calor do debate (que não houve), exageros ocorrem. Exagerar é aumentar um fato, não deturpá-lo. As duas publicações no instagram citadas expõe o objetivo de ambos de levantar as pessoas cisgêneras contra as transgêneras. E usando o recurso famoso de apelar para a proteção das crianças. Ambos incitam a violência, excitados pela ambição, ou visão curta, ou… por Satanás em pessoa.
Talvez possa ser alegado que os fins são nobres: proteger as crianças. Um doce recebe quem conseguir encontrar nas palavras e atitudes de Jesus Cristo apoio à ideia de que “os fins justificam os meios”!
Atitudes assim, assinadas por quem as compartilha, fazem mal. Às pessoas cristãs que não se submetem às intrigas do mal. Às pessoas trans que novamente são reduzidas à categoria de pessoas vis e que devem ser silenciadas, aprisionadas, eliminadas. À sociedade em geral, por rebaixar a qualidade intelectual e moral dos cuidados para com crianças e adolescentes.