ATIVISMO

Indianarae Siqueira prepara lançamento de livro com a presença de Erika Hilton

Erika Hilton e Indianarae Siqueira - Divulgação
Erika Hilton e Indianarae Siqueira - Divulgação

Nesta sexta-feira (02/08) às 19h, a ACASĂ matriarch Bistrot, no bairro da Lapa, região central do Rio de Janeiro, vai sediar o lançamento do livro Uma Vida Em DesTransição de Indianarae Siqueira, pela Editora Metanoia. A obra já está à venda no site da editora.

O livro tem capa produzida por Pamelah Castro, contra-capa por Camila Marins, introdução da deputada federal Duda Salabet (PDT/MG) e orelha escrita pela deputa federal Erika Hilton (PSOL/SP), que estará no lançamento. O evento terá ainda a participação na mesa o advogado Nélio Georgini.

A ativista TransVestiGenere, como se intitula Indianarae Siqueira, e líder da CasaNem, conta sobre sua luta e revela que já foi detida e presa pela luta da causaLGBTQIAPN+. Em 1995, Indianarae teve os seios expostos por Jovana Baby (a matriarca do movimento trans e travestis do Brasil) em cima do trio da primeira parada LGBT+ do país em Copacabana, quando também posou nua e foi capa da revista Big Man Internacional, uma espécie de playboy travesti da época.

Foi também em 1995 que ela fundou e passou a presidir o Grupo Filadélfia de Travestis e Liberados, passando a brigar oficialmente pela causa. Indianarae foi algemada em um poste por policiais em meio a um protesto, ela sofreu ameaças e sua casa foi invadida depois que a ONG que fundou conseguiu aprovar oficialmente no Brasil, pela primeira vez, o nome social nos prontuários médicos e que as travestis fossem internadas separadas ou em enfermaria feminina.

Devido às ameaças ela precisou deixar Santos, onde morava, e logo depois o país, em 1998. Mediante os ataques contra a sua imagem, Indianarae vive há 30 anos como uma pessoa exposta politicamente, estando sob protocolo de segurança financiado por ONGs protetoras de direitos humanos.

Por conta da liberação do nome social nos prontuários, logo depois foi concedido a permissão para que os companheiros fossem considerados cônjuges, abrindo assim, margem para reconhecimento da união estável. O nome social se tornou uma realidade e hoje as pessoas trans podem tanto usar só esse ou retificar todos os documentos com o nome escolhido. E as pessoas LGBTQIAPN+ tem direito a casamento e adoção.

Em 2010, em uma audiência pública na ALERJ (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), sobre as agressões na parada LGBT+ de Copacabana, o deputado estadual Carlos Minc (PSB/RJ) pediu atenção ao assunto depois dos questionamentos de Indianarae sobre falta de nome social no Rio . A reivindicação tornou-se um decreto de Nome Social no estado carioca.

“O movimento está lutando há 3 décadas pelo reconhecimento social das pessoas transexuais, travestis, não binárias e intersexo; as mais esquecidas da comunidade LGBTQIA+. Estivemos na linha de frente da luta pelos direitos LGBTQIA+ levando porrada na cara e sofrendo ameaças”, revela Indianarae, umas das pioneiras da manifestação a favor do reconhecimento por lei e direito.

Em 2020 ela fundou a Rebraca (Rede Brasileira De Casas De Acolhimento LGBTQIAPN+) da qual se tornou presidente com 25 casas no Brasil, que conseguiu junto com Symmy Larrat, Secretária Nacional LGBT+ e o Ministro Silvio Almeida, a aprovação do projeto Acolhe+, do qual Indianarae Siqueira é madrinha. Através desse projeto, via TED n° 950403/2023, em parceria com a Fiocruz e Faetec, será destinado mais de 1 milhão e 300 mil reais para fortalecer as casas de acolhimento.