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Rei de bateria do carnaval celebra o orgulho gay na avenida: "Vim para quebrar essa barreira"

John Avelino falou do desafio de estar à frente da bateria da União de Jacarepaguá, escola da Série Prata do Rio

John Avelino
John Avelino (Divulgação)

O maquiador John Avelino, de 33 anos, destaque da União de Jacarepaguá e muso da São Clemente, abriu o jogo sobre a diversidade no carnaval e da democracia na folia carioca. Em entrevista ao gshow, o sambista falou sobre o seu posto como rei de bateria da União de Jacarepaguá e o pioneirismo de ter um homem gay à frente da principal ala de uma escola de samba.

“Teve um pouco de resistência da minha presença ali, no lugar de uma mulher como rainha de bateria, porque sempre foi uma questão cultural. Quando as pessoas veem uma imagem masculina, às vezes gera uma certa repulsa. E ficam se perguntando: ‘Será que isso vai dar certo?’ Só que tudo que eu faço é com muita verdade, tem muita entrega minha”, contou o maquiador.

John Avelino também falou sobre o preconceito ainda presente na avenida do samba e relembrou quando decidiu desfilar de fio-dental, assim como a tradição das rainhas das baterias.

“Fui o primeiro a ser anunciado oficialmente como rei de bateria. Claro que antes de mim tiveram nomes como Zé Reinaldo e David Brazil, os quais respeito, mas eles têm um estilo diferente de mim, do que a gente conhece hoje como rei. E, com isso, fui quebrando barreiras e abrindo portas. Mas ainda tem muito preconceito”, relatou ele.

Ainda na entrevista, o sambista fez uma reflexão sobre o papel do homem gay no cenário carnavalesco e que acredita estar quebrando este tabu ao encarar o desafio como o rei da bateria.

“Eu vim para romper este pensamento. Por que nós, homens gays, temos sempre que estar trabalhando nos bastidores, fazendo a fantasia da rainha ou da musa, colando espelho no carro? Por que a gente não pode brilhar? Eu vim justamente para quebrar essa barreira”, completou John Avelino.